segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Amazon põe em alerta as editoras tradicionais - Vida Digital - Notícia - VEJA.com

"A Amazon.com ensinou aos leitores que eles não precisam de livrarias. Agora, ela os está estimulando a deixar de lado seus editores. No outono do hemisfério Norte, a Amazon publicará 122 livros em diversos gêneros, tanto físicos quanto eletrônicos. Essa é uma notável aceleração do programa de edição da Amazon, que colocará o varejista em concorrência direta com as casas de Nova Iorque que são também seus fornecedores mais importantes."

Leia mais aqui: Amazon põe em alerta as editoras tradicionais - Vida Digital - Notícia - VEJA.com

terça-feira, 18 de outubro de 2011

da série «editores esses idealistas» - Die Insel


















"Alfred Walter Heymel (...) tomou a decisão de fundar na Alemanha onde, como em toda a parte, a edição se baseava fundamentalmente em critérios comerciais, uma editora que, sem ter em vista ganhos materiais, e prevendo mesmo prejuízos constantes, fixou como critério determinante de publicação não as possibilidades de venda, mas sim o valor intrínseco de uma obra. A leitura de entretenimento, por muito lucrativa que fosse, deveria ficar excluída; em contrapartida, dava-se acolhimento até ao que era mais subtil e menos acessível. (...) no orgulhoso propósito de isolamento, começou por se intitular Die Insel (A Ilha) e, mais tarde, Insel-Verlag. Nada aí deveria ser impresso tendo em vista o lucro; pelo contrário, no respeitante às técnicas de concepção de um livro, cada texto devia receber uma forma exterior que correspondesse à sua perfeição interna. Assim, cada obra particular, com o seu frontispício, a sua disposição tipográfica, tipo de letra e de papel, era um problema individual sempre novo;"

Nota: esta editora foi fundada em 1901, em Leipzig. Dentre seus autores publicados mais conhecidos constam Goethe, Rilke, Schiller, Stefan Zweig e Charles Dickens.

Citado do livro: O Mundo de Ontem – recordações de um europeu, p. 187
Stefan Zweig
Assírio & Alvim
Lisboa, 2005

Romance e tradução - Ricardo Piglia

domingo, 16 de outubro de 2011

Coisas esquecidas no meio dos livros - 2


Foram mais de trinta anos de intervalo entre o começo da leitura e o retomar da mesma. Uma vida... O que será que me faz ter novo entusiasmo por um livro abandonado por tanto tempo? Talvez antes não o compreendesse devidamente. Ou os motivos do entusiasmo inicial fossem frágeis.
O facto é que por um acaso reencontrei-o numa estante. E agora, enquanto o lia com renovado interesse, mas ainda com algum descompromisso, descobri entre as páginas um extrato bancário de 1980, em nome de um amigo a quem um dia emprestei o livro. Por conta do simples pedaço de papel vieram de uma vez mil memórias associadas. O livro adquiriu imediatamente, e além de tudo, novo significado.
Desta vez trouxe-o comigo.
Desta vez vou lê-lo até ao fim.

O livro: Memórias, Sonhos, Reflexões
Autor: C. G. Jung
Compilação e prefácio de Aniela Jaffé
2ª edição
Editora Nova Fronteira
Rio de Janeiro, 1975

para compreender as grandes criações

Stefan Zweig (Viena, 1881 - Brasil, 1942)

"... e subscrevo as palavras de Goethe, segundo as quais, para compreendermos inteiramente as grandes criações, não basta vê-las só no seu estado perfeito, temos de surpreendê-las também à medida que se vão constituindo. Mas do ponto de vista óptico, um primeiro rascunho de Beethoven, com os seus traços impetuosos, impacientes, com a desordenada confusão de motivos iniciados e abandonados, com a fúria criadora da sua natureza a transbordar de demoníaco, comprimida nuns quantos riscos feitos a lápis, também me estimula fisicamente, porque o seu aspecto espevita todo o meu espírito; consigo ficar a olhar para uma tal página hieroglífica com o encanto e o amor com que outros apreciam um quadro acabado. Uma página de Balzac com correcções, onde praticamente cada frase se encontra dilacerada, cada linha revolvida, a margem branca mordiscada a preto por traços, sinais, palavras, torna-se perceptível a erupção de um vesúvio humano; e um qualquer poema que eu tenha amado durante anos e que veja pela primeira vez no manuscrito original, na sua primeira manifestação terrena, desperta em mim um sentimento de religiosa veneração; (...)."

Citado do livro O Mundo de Ontem – recordações de um europeu, p. 183
autor: Stefan Zweig
tradução de Gabriela Fragoso
Editora Assírio & Alvim
Março de 2005
Lisboa

domingo, 22 de maio de 2011

apontamento

As editoras portuguesas vão enfim cedendo ao acordo ortográfico (até porque vai passar a ser obrigatório), e eu, por razões diferentes das dos portugueses, vou sentindo falta dos 'c', dos 'p', do 'h' - em húmido, por exemplo. Admito: sou conservadora (sempre fui) quanto à forma das palavras. Se pudesse ainda escreveria pharmácia. Por gosto - nada mais.

sábado, 21 de maio de 2011

e a profecia não se cumpriu

"Reiterada de tempos a tempos, reativada como um programa inevitável a partir do momento em que a Internet e os motores de busca passaram a fazer parte do quotidiano, em meados dos anos 90, a profecia não se cumpriu: a "galáxia de Gutenberg" não passou a ser uma coisa do passado, e a espécie do Homo typographicus continuou a crescer e a multiplicar-se, ainda que a sua condição seja agora híbrida, já que passou também a responder - e todos nós sabemos com que solicitude e velocidade - às solicitações da era digital.
Certo é que o caudal dos livros que se folheiam com os dedos, os livros impressos, não parou de aumentar. Robert Darnton (...), um dos mais importantes historiadores do livro e diretor da Biblioteca Universitária de Harvard, fornece os números desta marcha progressiva, num tempo que se esperava ser de abrandamento: em 1998 foram publicados em todo o mundo 700.000 novos títulos, em 2003 foram 859.000 e em 2007 foram 976.000."
Jornal EXPRESSO de 21/5/2011 : ler toda a matéria neste link

sexta-feira, 13 de maio de 2011

os escritores e seus gatos

Françoise Sagan com Brahms

Ezra Pound com seus três "tesouros"

Elizabeth Bishop com Minnow

Aldous Huxley com Limbo

ver mais fotos no blogue: http://weimarart.blogspot.com

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Visão nocturna da Feira



O espaço da 81ª Feira do Livro de Lisboa está mais interessante e agradável que nos anos anteriores. Vi tendas com autores a falarem para uma plateia até significativa, o que me lembrou a FLIP, a feira literária de Paraty. Também ouvi jazz ao vivo. E comi farturas. Muito movimento - não sei se muitas compras. Desta vez nada me apaixonou, mas comprei: Franny e Zooey, de J. D. Salinger, em edição da Relógio d'Água, e Uma Ideia da Índia, do Alberto Moravia, numa linda edição em capa dura da Tinta da China. Em geral bons preços. Talvez ainda volte outro dia. Termina a 15 de Maio, Domingo.

Coisas esquecidas no meio dos livros - 1


A Biblioteca Municipal de Vila Real organizou, no ano passado, uma exposição sobre "coisas esquecidas no meio dos livros" - marcadores, anotações avulsas, flores secas, poemas anónimos, cartas, bilhetes de namorados, postais ilustrados que durante meio século foram sendo deixados "no meio dos livros" que foram requisitados das suas estantes.
Para isso, serviam também os livros: um bilhete, no meio de um dicionário de Latim, a marcar um encontro junto do muro do liceu; um queixume enternecido e magoado esquecido entre as páginas de uma monografia sobre cerâmica regional. Um bilhete de cinema a fazer de marcador.
O que vem dentro dos livros, às vezes, não é o que vem dentro dos livros. É exactamente o que se perdeu lá dentro.

(tirado da coluna de Francisco José Viegas, 'Diário de Ocasião' - revista LER de Abril 2011)

domingo, 1 de maio de 2011

"a cultura é feita de filtragem"


Recomendo vivamente, entre outros artigos, a entrevista de Carlos Vaz Marques a Umberto Eco, na Revista LER de Abril de 2011. Entre vários temas e comentários de interesse, destaco este, sobre se o livro electrónico chegou para ficar:

"O meu argumento, a esse respeito, é o seguinte. A fotografia não matou a pintura. O cinema não matou a fotografia. A televisão não matou o cinema. O avião não matou o comboio. (...) Quando estou a escrever e preciso de verificar uma palavra, já não me levanto para ir pegar num dicionário. Tenho-o no computador. É mais cómodo, é mais fácil. Porque não? Em contrapartida, há o livro que se quer sublinhar, em que se quer escrever coisas nas margens, que queremos ler sob o ramo de uma árvores ou na praia ou na casa de banho. Aí acho que o livro manterá sempre o seu charme e a sua função. Até do ponto de vista sentimental (...)."

Há ainda, na mesma entrevista, temas tão interessantes como a cultura do trivial, do trash; o excesso de informação, a cultura e a necessidade de filtragem da informação; além de comentários sobre a sua escrita e sobre o seu mais recente livro, acabado de publicar pela editora Gradiva, O Cemitário de Praga.

sábado, 16 de abril de 2011

Feira do Livro de Lisboa 2011


A APEL, como entidade organizadora da 81ª edição da Feira do Livro de Lisboa informa que a mesma decorrerá, tal como nos anos anteriores, no Parque Eduardo VII, de 28 de Abril a 15 de Maio de 2011.

Num processo de continuidade, será dado, uma vez mais, lugar de relevo ao livro, seus autores e outros intervenientes, fazendo deste espaço um local privilegiado para todos aqueles que procuram incrementar os seus hábitos de leitura.

Este ano o horário sofreu ligeiras alterações:

2ª a 5ª Feira: 12h30 - 23h00;
6ª Feira: 12h30 - 24h00;
Sábado: 11h00 - 24h00;
Domingo: 11h00 - 23h00.

Informação tirada do site da APEL - Associação Portuguesa de Editores e Livreiros

Laurent Binet faz uma homenagem a Kubis e Gabcik


Este foi um dos livros marcantes que li – a trabalho – nos últimos tempos. Vive-se intensamente a preparação do autor para se lançar na escrita, os episódios vividos ao longo de toda a pesquisa preparatória de recolha de material e contactos. E afinal mergulhamos dentro de todo o relato até à última linha, em meio a reflexões sobre a História e o séc. XX, e momentos de respiração suspensa. Basta dizer que o rumo das minhas leituras, a partir de então, mudou completamente.

 "Passam meses, que se transformam em anos, durante os quais esta história não pára de crescer dentro de mim. E enquanto a minha vida vai seguindo, feita normalmente de alegrias e tristezas, decepções e esperanças pessoais, as prateleiras lá de casa enchem-se de livros sobre a Segunda Guerra Mundial. Devoro tudo o que me vem à mão em todas as línguas possíveis, vou ver todos os filmes que estreiam - (...). Fico a saber uma série de coisas, algumas muito remotamente relacionadas com Heydrich; digo a mim próprio que tudo pode servir, que é preciso impregnarmo-nos de uma época para lhe compreender o espírito, e depois o fio do conhecimento, quando puxamos por ele, continua a desenrolar-se por si mesmo. A quantidade de informação que vou acumulando acaba por me assustar. Escrevo duas páginas ao passo que leio mil. A este ritmo, morrerei antes de ter sequer abordado os preparativos do atentado. Sinto que a minha sede de documentação, basicamente positiva, se vai tornando mortífera: ao fim e ao cabo, é uma forma de adiar o momento da escrita.
Entretanto, tenho a sensação de que tudo na minha vida quotidiana me conduz a essa história."

(pp. 19-20)

HHhH
Laurent Binet

PARA SABER MAIS: veja aqui neste mesmo blogue

António Lobo Antunes - O trabalho sem fim do escritor

Link: Mundo de K: António Lobo Antunes - O trabalho sem fim do escri...: "Crônica de António Lobo Antunes na Revista Visão de 14/04/2011: 'Deste profundo abismo, senhor'. Mantida a ortografia original que não segu..."

domingo, 6 de março de 2011

nova revista literária



A Agio, revista de literatura com a chancela das Edições Artefacto e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, visa essencialmente o universo da poesia (este primeiro número é quase exclusivamente a ela dedicado), pretendendo fornecer uma plataforma consistente a novos autores, ensaístas e personalidades que, de algum modo, fazem parte desse universo, não fechando a porta, porém, a quaisquer outros tipos de criação literária.



Estruturalmente, o primeiro número está dividido em três partes: Poesia – Adair Carvalhais Júnior, Daniel Francoy, Gabriel Machado, Hugo Milhanas Machado, João Silveira, Joel Henriques, Luís Felício, Luís Norte Lucas, Margarida Ferra, Miguel Manso, Nuno Dempster, Sara M. Felício, Soledade Santos; Ensaio – António Carlos Cortez, Jorge Martins Rosa, Ricardo Marques; Entrevista: Luís Lucas, Luís Quintais.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Moacyr Scliar


Moacyr Jaime Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 - Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2011)

"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".

"Quem abre um livro está à procura de revelações, não de enigmas."

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

histórias esculpidas: livros impossíveis

Tree of Codes by Jonathan Safran Foer from Visual Editions

Visual Editions is a London-based book publisher. We think that books should be as visually interesting as the stories they tell; with the visual feeding into and adding to the storytelling as much as the words on the page. We call it visual writing. And our strap line is “Great looking stories.”
http://www.visual-editions.com

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

FLIS - uma "FLIP" em Sintra

(notícia publicada no Público de 25/1/2011)

" 'A FLIP vai inspirar outros festivais', disse uma vez Liz Calder, presidente da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), no Brasil. Gonçalo Bulhosa pegou na deixa e criou a Festa Literária Internacional de Sintra (FLIS) que vai acontecer a 11, 12 e 13 de Novembro naquela vila do distrito de Lisboa. O director desta primeira edição é o editor Manuel Alberto Valente e o Centro Cultural Olga Cadaval, o local onde se realiza o evento.
(...)
A primeira FLIS terá cerca de 30 escritores convidados, que debaterão diversos temas (literatura, "prosa marginal", humor, sociologia, escrita jornalística, etc.). Tal como na brasileira FLIP, os debates serão moderados por personalidades convidadas e o público - que paga bilhete para assistir - participa através de perguntas escritas, dirigidas à mesa. No final, os escritores realizam sessões de autógrafos e naquele espaço funcionará a Livraria Oficial da FLIS, cafés literários e uma loja de merchandising. "O espírito é tornar o Centro Cultural Olga Cadaval um espaço aberto, muito dinâmico, com acontecimentos durante os intervalos entre palestras. O espírito de festa é o mesmo da FLIP, mas tudo o resto será diferente, pois Sintra, no Inverno, não é comparável ao calor das ruas de Paraty." João Tordo, Pedro Paixão e Joana Amaral Dias são os primeiros portugueses confirmados. Escritores internacionais estão a ser convidados."

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Reencontrar CLARICE


Comprei enfim Clarice, de Benjamin Moser. Recordo o efeito em mim dos livros de Clarice. Recordo aquela sensação de deslumbramento - ninguém nunca havia dialogado assim comigo.

Há inúmeras passagens do livro que gostaria de compartilhar, mas se as trouxesse todas...
Deixo somente este pequeno trecho, como forma de convite a quem ainda não leu:


"O Egito não a impressionou, conforme escreveu ao amigo Fernando Sabino:

Vi as pirâmides, a esfinge - um maometano leu minha sorte nas "areias do deserto" e disse que eu tinha coração puro... Falar em esfinge, em pirâmides, em piastras, tudo isso é de um mau gosto horrível. É quase uma falta de pudor viver no Cairo. O problema é sentir alguma coisa que não esteja prevista num guia.

Clarice nunca voltou ao Egito. Mas, muitos anos depois, relembrou sua breve excursão turística, quando, nas "areias do deserto", encarou desafiadoramente ninguém menos que a própria Esfinge.

Não a decifrei, escreveu a orgulhosa e bela Clarice. Mas ela também não me decifrou."

(da Indrodução, p. 12)





Clarice,
Benjamin Moser
648 páginas
Editora Cosac Naify
São Paulo, 2010


Obras de Clarice Lispector:

romances
Perto do coração selvagem (1944)
O Lustre (1946)
A cidade sitiada (1949)
A maçã no escuro (1961)
A paixão segundo G.H. (1964)
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1969)
A hora da estrela (1977)
contos
Alguns Contos (1952)
Laços de família (1960)
A Legião Estrangeira (1964)
Felicidade clandestina (1971)
A imitação da rosa (1973)
A via-crucis do corpo (1974)
Onde estivestes de noite (1974)
A bela e a fera (1979 )
crônicas
Visão do esplendor (1975)
Para não esquecer (1978 )
Um sopro de vida (1978 )
A descoberta do mundo (1984)
ficção
Água viva (1973)
entrevista
De corpo inteiro (1975)
livros infantis
O mistério do coelhinho pensante (1967)
A mulher que matou os peixes (1969)
A vida íntima de Laura (1974)
Quase de verdade (1978)
Como nasceram as estrelas (1984)


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