sábado, 16 de abril de 2011

Laurent Binet faz uma homenagem a Kubis e Gabcik


Este foi um dos livros marcantes que li – a trabalho – nos últimos tempos. Vive-se intensamente a preparação do autor para se lançar na escrita, os episódios vividos ao longo de toda a pesquisa preparatória de recolha de material e contactos. E afinal mergulhamos dentro de todo o relato até à última linha, em meio a reflexões sobre a História e o séc. XX, e momentos de respiração suspensa. Basta dizer que o rumo das minhas leituras, a partir de então, mudou completamente.

 "Passam meses, que se transformam em anos, durante os quais esta história não pára de crescer dentro de mim. E enquanto a minha vida vai seguindo, feita normalmente de alegrias e tristezas, decepções e esperanças pessoais, as prateleiras lá de casa enchem-se de livros sobre a Segunda Guerra Mundial. Devoro tudo o que me vem à mão em todas as línguas possíveis, vou ver todos os filmes que estreiam - (...). Fico a saber uma série de coisas, algumas muito remotamente relacionadas com Heydrich; digo a mim próprio que tudo pode servir, que é preciso impregnarmo-nos de uma época para lhe compreender o espírito, e depois o fio do conhecimento, quando puxamos por ele, continua a desenrolar-se por si mesmo. A quantidade de informação que vou acumulando acaba por me assustar. Escrevo duas páginas ao passo que leio mil. A este ritmo, morrerei antes de ter sequer abordado os preparativos do atentado. Sinto que a minha sede de documentação, basicamente positiva, se vai tornando mortífera: ao fim e ao cabo, é uma forma de adiar o momento da escrita.
Entretanto, tenho a sensação de que tudo na minha vida quotidiana me conduz a essa história."

(pp. 19-20)

HHhH
Laurent Binet

PARA SABER MAIS: veja aqui neste mesmo blogue

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