domingo, 1 de maio de 2011
"a cultura é feita de filtragem"
Recomendo vivamente, entre outros artigos, a entrevista de Carlos Vaz Marques a Umberto Eco, na Revista LER de Abril de 2011. Entre vários temas e comentários de interesse, destaco este, sobre se o livro electrónico chegou para ficar:
"O meu argumento, a esse respeito, é o seguinte. A fotografia não matou a pintura. O cinema não matou a fotografia. A televisão não matou o cinema. O avião não matou o comboio. (...) Quando estou a escrever e preciso de verificar uma palavra, já não me levanto para ir pegar num dicionário. Tenho-o no computador. É mais cómodo, é mais fácil. Porque não? Em contrapartida, há o livro que se quer sublinhar, em que se quer escrever coisas nas margens, que queremos ler sob o ramo de uma árvores ou na praia ou na casa de banho. Aí acho que o livro manterá sempre o seu charme e a sua função. Até do ponto de vista sentimental (...)."
Há ainda, na mesma entrevista, temas tão interessantes como a cultura do trivial, do trash; o excesso de informação, a cultura e a necessidade de filtragem da informação; além de comentários sobre a sua escrita e sobre o seu mais recente livro, acabado de publicar pela editora Gradiva, O Cemitário de Praga.
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