domingo, 1 de junho de 2014

os escritores e suas máquinas de escrever


Philip Roth


Thomas Bernhard (algumas fotografias)

 em 1933, com sua mãe, Herta

 em 1943, como o avô, o escritor Johannes Freumbichler

 em 1956

 em 1957







como o avô, num de seus frequentes passeios juntos

Cangrejo Pistolero Ediciones

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A vulgarização da literatura brasileira contemporânea

Texto de Alexandre Coslei para "Observatório da Impreensa" (AQUI):


Por esses dias discutiu-se tanto a popularização dos textos de Machado de Assis que quase alcançamos um tom clichê. A ideia de reimprimir a obra de Machado objetivando a imposição de um vocabulário simplório, que esteja ao alcance do público menos letrado, é somente um reflexo de uma literatura contemporânea açoitada pelas mãos de editoras que escolheram transformar a arte em cifras lucrativas. Recentemente, a escritora Nélida Piñon afirmou que hoje publicam o que vende, e não mais a literatura que fica. Está corretíssima. E qual a literatura que demonstra capacidade de mercadoria no Brasil? São os livros sobre vampiros brasileiros, ficções medievais encarnadas por anjos e demônios, violência sádica e caricata e romances sobre nada que correm centenas de páginas descrevendo litorais e personagens sem sal.
O que surpreende é a complacência cúmplice de muitos críticos com a subliteratura e raiva revanchista contra quem imagina poder atualizar um clássico literário. O Word, a Internet e o analfabetismo funcional do Brasil abriu espaço para pretensos escritores que produzem em ritmo industrial, mas pouco se importam com estética, pois estão voltados para os quinze minutos de fama e buscam o eldorado que os tornem best-sellers. Às vezes, contam com competentes empresários que abrem as portas da mídia e transformam o que é oco em celebridade, pois no mercado atual é a celebridade que vende. Tal realidade nos remete ao arquétipo explicitado no filme Muito além do Jardim, onde até um suspiro do acéfalo personagem Chance (Peter Sellers) era interpretado como genial.
Por que hostilizar a tradução populista de Machado e ignorar os nichos literários criados compostos de livros caricatos lançados para conquistar jovens e limitados leitores? Essa é uma discussão que poderia ganhar amplitude inteligente e está se resumindo a um debate provinciano.
Clássicos sem herdeiros
Toda literatura é válida, mas as que devem ganhar visibilidade são aquelas que os editores compreendem como comerciais. É assim que se configura o presente mercado editorial brasileiro. O autor a ser valorizado é o que se comporta como um bom gerente de contas e cumpre boas metas de venda com o seu produto. É este o autor que as editoras inserem na mídia, para eles negociam a condescendência de uma parte da crítica e a partir deles criam a farsa do merchandising.
Numa nação de leitores toscos, Machado de Assis precisa ser reescrito para vender e os autores de sucesso desfilam a face mais pueril e vulgar da literatura em programas de entrevistas e nos caderno culturais dos nossos periódicos. Talvez, tenha sido por isso que o nosso Machado elaborou aquela sentença magnífica de Brás Cubas, um ato profético:
“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
Assim, nossos clássicos vão ficando sem herdeiros e, pelo visto, se transformando em hieróglifos a serem decifrados.

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