sábado, 28 de abril de 2012

Congresso de Literatura no Sertão


O CLISERTÃO – CONGRESSO INTERNACIONAL DO LIVRO, LEITURA E LITERATURA NO SERTÃO, tem lugar em uma das mais belas paisagens do Brasil: o Sertão do São Francisco, banhado pelo rio homônimo, que cruza quatro estados e deságua no Oceano Atlântico. (...)

A imagem que se apresenta do Sertão do São Francisco contrasta com o imaginário popular sobre Sertão e a literatura do século XX ajudou a fixar as tintas ocres desse quadro. Discutir a literatura enquanto marca identitária de um povo e resultado de sua cultura é um dos desafios lançados pelo CLISERTÃO, realizado pelo Governo do Estado de Pernambuco, em uma parceria entre a Secretaria de Cultura e a Secretaria de Ciência e Tecnologia, através da Fundarpe – Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco e Universidade de Pernambuco, Campus Petrolina, com o apoio da Prefeitura de Petrolina.

Diferentemente de outros eventos literários, o CLISERTÃO estabelecerá uma relação afetiva, multicultural e de intercâmbio entre os convidados nacionais, internacionais e locais como parte das ações, indo além das apresentações literárias ou das palestras, penetrando no Brasil profundo, no Brasil dos Sertões, através de intervenções descentralizadas em espaços urbanos, comunidades rurais e tradicionais da região, além das discussões acadêmicas em torno do livro, leitura e literatura, coordenadas pela Universidade de Pernambuco.

Ao mesmo tempo, a partir do CLISERTÃO, a Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco fomenta a criação de uma Rede do Livro, Leitura e Literatura na Região, envolvendo os três eixos do setor nas discussões em torno da produção e de políticas públicas para o livro.

As atividades do CLISERTÃO se desenvolverão nos eixos Livro, Leitura e Literatura em diversos espaços da cidade de Petrolina.


Link: CLISERTÃO

a literatura brasileira hoje por José Castello

 Numa entrevista ao Caderno Ípsilon do Público de 27/4/12, por Isabel Coutinho, fala José Castello, crítico e escritor brasileiro, Prémio Jabuti com Ribamar:

Público: «Ribamar desconstrói a ideia feita da ficção brasileira como "urbana, tropical, violenta e trepidante". Incomoda-o essa visão redutora?»

JC: «Sim, incomoda-me muito a ideia que se costuma ter, mesmo aqui no Brasil, a respeito da literatura brasileira. A literatura brasileira que me interessa é a que se desvia dessa "receita tropical". Escritores como João Gilberto Noll, Raduan Nassar, Michel Laub, Bernardo Carvalho, Cristovão Tezza, Eliane Brum, Raimundo Carrero. Autores que escrevem não para compor uma imagem imaginária de nação mas, ao contrário, para despedaçá-la e afundar-se nas suas entranhas.
Quanto aos poetas, temos dois poetas vivos geniais, que honrariam qualquer literatura: Manoel de Barros e Adélia Prado. O Brasil do século XXI é um país complexo, e é rico porque é complexo e cheio de paradoxos. Assim também é sua literatura.»

Blogue de José Castello no jornal O Globo A Literatura na Poltrona
 
                                                   
                                                        

Nas fotos, os rostos de: Clarice Lispector, Bernardo Carvalho, Manoel de Barros, Eliane Brum, Cristovão Tezza e Raimundo Carrero.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O que não falta é feira...












Em 2011, a Festa Literária Internacional de Paraty viu 25 mil visitantes movimentarem R$ 13 milhões na economia local; evento, cuja décima edição será em julho, é modelo para iniciativas similares. (foto e legenda através do jornal Valor Econômico)

 
Em Brasília,de 14 a 23 de Abril, a 1ª Bienal do Livro e da Leitura

Em Poços de Caldas, Minas Gerais, de 28 de Abril a 6 de Maio, a VII Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas

No Amazonas, a Bienal do Livro Amazonas, de 27 de Abril a 6 de Maio

Segundo o blogue Livros Etc, de Josélia Aguiar, «os eventos literários no país (Brasil) são hoje 200, com vendas de livros que devem crescer 20% este ano pelos cálculos da Fundação Biblioteca Nacional, informa o jornal Valor Econômico»: AQUI


Escola do Escritor

A quem interessar possa, em São Paulo, uma «Escola do Escritor»:

«A Escola do Escritor oferece a você a oportunidade de aprimorar seu talento literário. Se escrever ou melhorar suas aptidões literárias é um objetivo, chegou o momento de concretizá-lo. Basta tomar a decisão!

O primeiro passo é descobrir o que você deseja. Isso pode parecer fácil, mas, na prática, o escritor não consegue expor suas ansiedades e necessidades com clareza.

Os passos seguintes serão acompanhados por profissionais experientes do mercado editorial, que estão esperando por você para dar o direcionamento correto aos seus talentos. Você é o personagem principal de sua própria aprendizagem.

Venha (re)descobrir, na Escola do Escritor, a arte de escrever e publicar um livro.
A Escola do Escritor também ministra cursos in company, ou seja, os cursos podem acontecer em escolas, universidades, livrarias, bibliotecas, empresas e espaços culturais, em todo território nacional.»


R. Deputado Lacerda Franco, 165
Pinheiros - CEP 05418-000 - São Paulo - SP
Brasil
Telefax: (11) 3032-8300

Link: Escola do Escritor

terça-feira, 24 de abril de 2012

Sugestões de leitura

Linhas Impressas – sugestões de leituras com citações e indicações de tradutor e editora.
Veja em: Linhas Impressas


Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que de um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

Guardar – Antonio Cícero

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A arte de traduzir poesia

 

O escritor e professor Paulo Henriques Britto expõe sua visão de tradução e explica, com exemplos práticos, todos os elementos que devem ser levados em conta na tradução poética.
 
Publicado em 24/03/2012
Revista Ciência Hoje

Link para o artigo completo: A arte de traduzir poesia

«A tradução é uma forma de reescrita; traduzir é reescrever um texto numa língua diferente. O objetivo é produzir um texto que possa substituir o original, para aqueles que desconhecem o idioma em que ele foi escrito. O tradutor é, pois, um tipo específico de autor.»

«Todas as exigências feitas à tradução de um texto em prosa ficcional se impõem ao tradutor de poesia.»

«A tradução de um poema que não leve em conta a divisão em versos e os elementos rítmicos que caracterizam o original não é sequer uma tradução.» 


Paulo Henriques Brito é poeta, contista, tradutor de poesia e prosa e professor de Estudos da Tradução da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 
Nasceu no Rio de Janeiro em 1951. É um dos mais conceituados poetas contemporâneos do Brasil (e um dos mais pessoanos), tendo conquistado com o seu livro de 2003, Macau, o prémio Portugal Telecom de Literatura Brasileira. 
É ainda um renomado tradutor de literatura anglo-americana, tendo traduzido já E. L. Doctorow, Henry James, V. S. Naipaul, Thomas Pynchon, Wallace Stevens, Elizabeth Bishop, Don DeLillo, Nadine Gordimer, John Updike, William Faulkner, Ted Hughes ou Philip Roth.


EPÍLOGO
Finda a leitura, o livro está completo
em sua solidão mais-que-perfeita
de couro falso e íntimo papel.
Lá fora, o mundo segue, arquitetando
as mesmas contingências costumeiras
que nunca esbarram numa irrefutável
conclusão que se possa resumir
em três letras letais, inalienáveis.
Que paz será possível nessa selva
sem índices, prefácios, rodapés?
indaga, da estante mais excelsa,
o livro. Porém, nada disso importa,
se todas as dúvidas se dissipam,
com tudo o mais, quando o bibliotecário
apaga as luzes, sai e tranca a porta.

A insolvência da Sodilivros

A editora Antígona enviou este comunicado à imprensa e o Cadeirão Voltaire publicou:

Comunicado à Imprensa – Insolvência de CESodilivros

A CESodilivros, a maior distribuidora de livros em Portugal, no mercado há mais de vinte anos, acaba de pedir a insolvência, deixando em grandes dificuldades e com muitas dívidas as mais de quarenta editoras que distribuía, incluindo a Antígona e a Orfeu Negro.

Os administradores desta empresa, o Sr. José da Ponte e o Dr. João Salgado, o patrão da mesma e também proprietário da Coimbra Editora, têm-se comportado como descarados malfeitores. Quase todas as distribuidoras de livros faliram nos últimos trinta anos.
Há aqui um erro; onde está esse erro?

Os meios de comunicação social têm estado silenciosos, indiferentes à desgraça dos editores e do pessoal trabalhador da CESodilivros.
Jornais e televisões andam muito ocupados com as banalidades do Governo e afins.
Deseja-se que a partir desta comunicação acordem para este gravíssimo problema cultural, ficando a Antígona disponível para fornecer todas as informações necessárias.

Lisboa, 20 de Abril de 2012
Luís Oliveira
Editor da Antígona

Hoje: Dia Mundial do Livro


sábado, 21 de abril de 2012

lançamento da nova revista de poesia Z

Do Editorial, por Paco Cac: «Fazer uma revista de poesia é uma viagem ao desconhecido, no entanto, quando a viagem é solidária, todos embarcam acreditando nas estrelas e nos mapas que nos conduzem para a construção da Nau. Zarpamos e, se traçamos algum itinerário, ele é dado pelos ventos e mares que encontramos no caminho. (...)

Neste primeiro número da Z, fazemos uma saudação a Manuel da Silva Cerva, que em 1812, nos meses de janeiro e março, em Salvador, Bahia, editou a primeira revista literária brasileira, tendo como título As Variedades ou Ensaios de Literatura. E dedicamos neste número, ao poeta Samaral, editor da revista Urbana, uma página especial.

Campo de prova para projetos estéticos, experiências sensoriais e tecnológicas, onde inúmeros poetas publicam pela primeira vez suas inserções poéticas, a revista se configura num fenômeno cultural para onde dialogam linguagens visuais e verbais, desde a impressão tipográfica até a revista eletrônica.

 A Z pretende divulgar poetas de todos os estados brasileiros, buscando intercâmbio constante, viagens de pacíficos e atlânticos, poetas de países próximos e distantes. Espaço para poemas, comentários, resenhas, fotos, ilustrações, papos sobre poesia sem fronteiras.»

quarta-feira, 18 de abril de 2012

170º aniversário de nascimento de Antero de Quental




Amar! mas dum amor que tenha vida...
Não sejam sempre tímidos arpejos,
Não sejam delírios e desejos
Duma doida cabeça escandecida...

Amor que viva e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser - e não só beijos
Dados no ar - delírios e desejos -
Mas amor... dos amores que têm vida...

Sim, vivo e quente! e já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços,
Como névoa da vaga fantasia...

Nem murchará do Sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores... se têm vida?


AMOR VIVO
Antero de Quental, Poesia Completa


o mesmo «Crash» – e muitas capas

As diferentes capas do romance de J. G. Ballard acima:  Inglaterra, Croácia, Espanha, França, República Tcheca, Sérvia, Itália, Brasil. 

Uma outra boa seleção pode ser vista no Ballardian, um site inteiro dedicado ao escritor inglês. Eis uma amostra:




domingo, 15 de abril de 2012

FLUPP pensa

 
 
 FLUPP pensa é um processo continuado de formação de leitores e autores. Uma espécie de reality show literário que visa publicar um livro lançando 30 novos autores, sendo 15 oriundos de áreas periféricas dentro da região metropolitana do Rio de Janeiro, e outros 15 da Polícia Militar. Ao mesmo tempo haverá encontros literários em 12 comunidades e, eventualmente, no QG da Polícia Militar. Em cada encontro estará presente um escritor de reconhecido prestígio para a participação em uma mesa aberta ao público.
O texto a seguir é de Zé Luís, da comunidade do morro Santa Marta, participante da FLUPP Pensa.
«Hoje eu me peguei pensando
Do alto do Morro, apreciando
O lugar onde nasci
Lembrei que quando engatinhava
Cá comigo arquitetava:
Um dia vou Andaraí
Alcancei algum progresso
Caminhei com Bonsucesso
Pelas ruas, sem receio
Para mim foi um privilégio
Comecei lá no Colégio
Bem na hora do Recreio
Perambulei Deus sabe aonde
De um Campinho, em Campo Grande
Fui correndo pra Tijuca
Suspirei ao ver a Ilha
Admirei cada Vila
Descansei na Parada de Lucas
Nos Pilares do Castelo
Percebi como era belo
O Engenho Novo da Usina
Sorri para a Portuguesa
Encantado, com certeza
Ofertei-lhe a Flor da Mina
Próximo à Chácara do Céu
Confessei ao Padre Miguel
Todos os segredos meus
Um Amor em cada canto
Orei por Todos os Santos
Aqui na Cidade de Deus
Escondidinho, entrei de fato
Quieto na Boca do Mato
Onde a natureza canta
Passando pela Rocinha
Parei na Cachoeirinha
Mergulhei na Água Santa
Vi um povo abençoado
Rico e pobre misturado
De Ipanema a Acari
Quem não gosta Paciência
Eu tomei uma Providência
Jamais vou sair daqui
Cada um tem sua bandeira
Fluminense em Laranjeiras
Cariocas de toda a nação
Botafogo que incendeia
Vasco da Gama na veia
Flamengo no coração
Canta Galo! Tá na hora!
Aproveite a graça da aurora
Acorda toda a Serrinha
Vamos curtir da Gamboa
A beleza da Coroa
No Engenho da Rainha
Na sombra de uma Mangueira
No Sossego da Pedreira
Eu refaço minha história
Contemplando o Céu Azul
Viajo para Zona Sul
E agradeço toda a Glória
Aqui no pico da favela
Aprecio da janela
A brandura desse clima
E digo: Muito obrigado!
Eu sou um abençoado
Vejo a cidade por cima
É o Rio!
Eu rio.»
A FLUPP é notícia na BBC News: Rio de Janeiro festival brings literature to favelas
e na Revista Arcadia: Retrato de la periferia

Franz Kafka

Franz Kafka (1883-1924), escritor tcheco de língua alemã, considerado um dos principais escritores de literatura moderna. Sua obra retrata as ansiedades e a alienação do homem do século XX.

Um site completo sobre Kafka: AQUI

Foto através da página de Memorable Book Excerpts no Facebook.

sábado, 14 de abril de 2012

Dois filmes sobre Clarice




«‟Eu faço tudo por Clarice.” A frase, dita com sincera paixão, é do norte-americano radicado na Holanda, Benjamin Moser, biógrafo de Clarice Lispector. Depois de lançar em 2009 a biografia Why this World – publicada no Brasil com o título Clarice –, Moser agora está à frente de mais um grande projeto sobre a escritora. Na verdade dois grandes projetos: dois filmes contando a vida de Clarice Lispector. Um documentário e um longa-metragem baseado em sua trajetória.»


Ler toda a matéria e ouvir entrevista com Benjamin Moser: AQUI

o infatigável Gonçalo M. Tavares

«Gonçalo M. Tavares faz parte daquele reduzidíssimo grupo de escritores que alia uma magnífica prosa a uma estonteante produção de escrita. A publicação em simultâneo de dois livros do autor não constitui, por isso, novidade. O que surpreende é a sempre renovada capacidade de, através da sua escrita, interpelar os leitores. Short Movies e Canções Mexicanas, os seus dois mais recentes livros, são disso prova.(...)

Short Movies e Canções Mexicanas são antes de mais uma tomada de consciência do prazer do contador de histórias, que em traços sóbrios e contidos (textos há que não ultrapassam a dezena de linhas) nos revelam um mundo marcado pela violência gratuita, por ameaças brutais, por atitudes e acontecimentos absurdos. Cada história capta fragmentos de um quotidiano, suficientemente costumeiro para o reconhecermos como nosso, mas que se distancia quando mediado pela cáustica voz e irónico olhar do contador.»


CANÇÕES MEXICANAS
Relógio D'Água, 96 pp.


SHORT MOVIES
Caminho, 160 pp.

Ler mais: http://visao.sapo.pt/goncalo-m-tavares-uma-realidade-perturbante=f656836#ixzz1s2JmArLD

Caderno Ípsilon de 27/4/2012. Palavras de Jose Castello, crítico literário brasileiro, Prémio Jabuti com Ribamar, sobre Gonçalo Tavares: «... não tenho dúvidas de que o grande nome da literatura portuguesa hoje é Gonçalo M. Tavares. É um autor muito acima da média, com uma obra radicalmente pessoal, que não se confunde com a de mais ninguém. É, além disso, um homem muito corajoso, pois segue o seu caminho com serenidade, mas sem arrastar os pés de seu destino. Tem uma obra absolutamente singular, que não cessa de me pregar sustos e de me levar a pensar.»

Fernando Pessoa


«O coração, se pudesse pensar, pararia.»



O Livro do Desassossego




ilustrações de Vieira da Silva


O raríssimo livro belamente 
ilustrado 
pela artista portuguesa 
Maria Helena Vieira da Silva, 
na década de 40, 
quando 
esteve exilada no 
Rio de Janeiro 
entre 1941 e 1947.

Através da página de Valéria Lamego no Facebook.

Biblioteca Digital Mundial


A Biblioteca Digital Mundial disponibiliza na Internet, gratuitamente e em formato multilíngue, importantes fontes provenientes de países e culturas de todo o mundo.
Os principais objetivos da Biblioteca Digital Mundial são:
  • Promover a compreensão internacional e intercultural;
  • Expandir o volume e a variedade de conteúdo cultural na Internet;
  • Fornecer recursos para educadores, acadêmicos e o público em geral;
  • Desenvolver capacidades em instituições parceiras, a fim de reduzir a lacuna digital dentro dos e entre os países.
É possível, incluisve, ouvir os verbetes selecionados, no idioma escolhido.
Link: Biblioteca Digital Mundial

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Cadernos de um Caçador

«O leitor talvez já esteja a aborrecer-se com os meus cadernos; vou consolá-lo: prometo limitar-me aos fragmentos já editados; porém, antes de nos despedirmos, não posso evitar dizer algumas palavras sobre a caça.
A caça com espingarda e cão é excelente em si, für sich, como diziam antigamente; imaginemos, no entanto, que o leitor não nasceu com veia de caçador, mas gosta, mesmo assim, da natureza e da liberdade; por isso, não pode deixar de invejar a raça dos caçadores… Oiça.
Sabia, por exemplo, como é delicioso, na Primavera, sair de casa antes de amanhecer? Passamos o umbral… No céu cinzento-escuro cintilam raras estrelas; um ventinho húmido aflui, de vez em quando, numa onda ligeira; ouve-se o sussurro da noite, reservado, incerto; as árvores rumorejam livremente, banhadas em sombras. Agora, põem um tapete dentro da carroça, colocam no fundo dela uma caixa com o samovar. Os cavalos laterais estremecem, bufam e marcam passo com elegância; um par de gansos, acabados de acordar, atravessa silenciosa e vagarosamente o caminho. Por trás da sebe, no jardim, o guarda ressona pacificamente; cada som parece parado no ar imóvel, parado mas sem esmorecer. Sentamo-nos; os cavalos arrancam de imediato, a carroça tamborila… Andamos… passamos a igreja, depois viramos da encosta para a direita, através da barragem… o lago artificial começa a cobrir-se de um ligeiro vapor. Faz um pouco de frio, tapamos a cara com a gola do pacote; mergulhamos em modorra. Os cavalos chapinham sonoramente nos charcos; o cocheiro assobia. Mas já foram feitas cerca de quatro verstás… o horizonte tinge-se de carmesim; nas bétulas, as gralhas de nuca cinzenta acordam e, desajeitadas, voam de um ramo para outro; os pardais chilreiam à beira de medas escuras. O ar clareia, o caminho é mais visível, o céu abre-se, as nuvens branquejam, os campos tingem-se de verde. Nas isbás, as estilhas ardem com chamas vermelhas, por trás dos portões ouvem-se vozes sonolentas. Entretanto, a aurora está a acender-se; já umas faixas douradas se estendem pelo céu, dos barrancos levantam-se vapores; as cotovias desfazem-se num canto sonoro, sopra o vento de madrugada – e o Sol rubro emerge vagarosamente. A luz jorra como um rio; o coração esvoaça no peito que nem uma ave! Frescura, alegria, felicidade! A vista é infinita a toda a volta. Eis uma aldeia por trás do bosque; e ainda outra, mais longe, com uma igreja branca; e uma floresta de bétulas em cima da colina; por trás dela é o pântano, para onde nos dirigimos… Rápido, cavalos, mais rápido! Para frente, a grande trote!… Faltam três verstás, não mais. O Sol levanta-se rapidamente; o céu está limpo… O tempo vai ser óptimo. O gado saiu da aldeia e vem ao nosso encontro. Subimos a encosta… Que vista! O rio serpenteia, estendendo-se por dez verstás, exibindo o seu azul baço através da névoa; por trás dele são os prados de cor verde deslavada; por trás dos prados, as colinas aplanadas; ao longe, os abibes gritam e voam, dando voltas por cima do pântano; através do brilho húmido derramado no ar, o horizonte destaca-se nitidamente… não é como no Verão. O peito respira livremente, os membros movem-se com energia, e todo o corpo, abraçado pelo sopro fresco da Primavera, ganha forças!…»

Tradução e Notas de Nina Guerra e Filipe Guerra
pp. 181-182 da edição portuguesa (Relógio D'Água) 

Ver também neste blogue: Em viagem com Turguénev pela Rússia do séc. XIX



Ivan Turguénev – por Ilya Repin


















Hanna Arendt fala sobre Brecht

Sob o título Homens em tempos sombrios, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, Hanna Arendt escreveu algumas coisas luminosas. Como esse trecho de seu ensaio sobre Brecht:

«O que importa, uma vez mais, é o céu, o céu que lá estava antes que existisse o homem e lá estará depois que ele se for, de modo que a melhor coisa que pode fazer o homem é amar aquilo que por um breve tempo é seu. Se eu fosse crítica literária, continuaria a comentar o papel absolutamente importante desempenhado pelo céu nos poemas de Brecht, em especial em seus poucos e lindíssimos poemas de amor. (...) Certamente neste mundo não existe o amor eterno, nem mesmo uma fidelidade comum. Não há nada além da intensidade do momento, isto é, a paixão, que é até um pouco mais perecível que o próprio homem.»



Através da página de Carlito Azevedo no Facebook. 

Os textos reunidos neste livro são biografias comentadas de homens e mulheres que viveram os «tempos sombrios» da primeira metade do século XX. Mergulhando em mundos internos tão díspares como os de Hermann Broch e João XXIII, Rosa Luxemburgo e Jaspers, Isak Dinesen e Bertold Brecht, Heidegger e Walter Benjamin, Hannah Arendt submete a uma reflexão apaixonada, e por vezes implacável, seus erros e acertos, culpas e vitórias, responsabilidades e irresponsabilidades perante a realidade que enfrentaram.
A beleza destes relatos reside na sólida crença arendtiana na solidariedade e dignidade humanas, valores morais ainda capazes de impedir o triunfo do niilismo e do totalitarismo numa época de experiências catastróficas. Companhia das Letras

quinta-feira, 12 de abril de 2012

editoras brasileiras x Amazon

«Aí está algo que editoras americanas não conseguiram, e que fica como mérito de editoras brasileiras. A notícia saiu no jornal Valor Econômico:

“Neste formato, chamado de distribuição, é a própria Amazon que define o preço que será cobrado do consumidor, sem intervenção das editoras. Este valor normalmente é cerca de 50% menor que o preço do livro físico. No Brasil, no entanto, a política de precificação não emplacou.”»


«“As lojas físicas são importantes para as editoras, são uma espécie de showroom para os livros impressos. Não queremos que esta negociação desestabilize o varejo brasileiro”»

Ver mais em http://revolucaoebook.com.br/editoras-brasileiras-dobram-amazon-provocam-mudancas-contrato/

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Permanência da Perda


«Entusiasmo e inteligência é sempre uma combinação estimulante. E foi com essa boa mistura que o colaborador Martim Vasques da Cunha, que alguns talvez conheçam da revista Dicta&Contradicta, escreveu um ensaio iluminador sobre a obra poética de Leonard Cohen. Martim analisa não apenas as famosas canções do bardo canadense, mas também algumas de suas menos conhecidas (mas não menos incríveis) poesias.»

Leia aqui: http://issuu.com/cosac_naify/docs/leonard_cohen_e_a_permanencia_da_perda/1


Através de Cosac Naify: http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?p=11284

terça-feira, 10 de abril de 2012

Psico – ficção brasileira


Psico é o segundo romance do jornalista e escritor Julio Ludemir,
ambientado na Rocinha, tida como a maior favela brasileira. É um
thriller social na acepção clássica da palavra, cuja narrativa
frenética revela uma realidade inteiramente nova. À medida que produz
fortes emoções no leitor, o personagem principal da história é a
tradução da juventude classe C que emergiu na primeira década do
milênio como uma resposta generosa às políticas inclusivas do país
reinventado pelo presidente Lula. Uma juventude que interage com o tráfico de
drogas, as igrejas evangélicas, os projetos sociais, a mídia e as
redes sociais, devolvendo tudo com uma subjetividade que os
observadores mais atentos compararão com momentos radiosos da história
mundial, como aqueles que resultaram na revolução jovem da década de
1960.

Através de Livraria da Travessa: http://www.travessa.com.br/Julio_Ludemir/Autor/E3DEA8F4-143D-4923-A6AC-ABF2F39DEE17/eBook/

Outros livros do autor:


sábado, 7 de abril de 2012

books...

do USA Today

design de luxo de Coralie Bickford-Smith (Penguin Books)





http://www.cb-smith.com/index.php?/clothbound/f-scott-fitzgerald/

literatura russa...


«mas o livro é outra coisa»...

«Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso, sem dúvida, é o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões de sua vista; o telefone é extensão de sua voz; depois temos o arado e a espada, extensões de seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.»

J.L. Borges


Aproveito a frase de JL Borges para dizer que falar em memória é falar também da História, pelo que refiro e recomendo este livro de L. Binet:  http://olivroimpossivel.blogspot.pt/2011/04/laurent-binet-uma-homenagem-kubis-e.html

preciso ler Veronica Stigger

«Trata-se de um livro sobre a baixa estatura moral que preside a relação dos homens, uns com os outros, mas também de sua relação com as coisas, com o tempo e com as instituições. Tem o enorme mérito de fazer tudo isso sem ser moralista, sobretudo porque se desfaz das ideias de bem e mal. Livra-se também da linha dura que separa razão e desatino, como se quisesse trazer para perto de si todas as experiências marginais, tudo que foi apartado do convívio social. Sem preencher de sentido os excessos, Veronica elenca situações e radicaliza as suas consequências ao operar com tipos ideais que expõem com crueza uma série de recalques da nossa sociedade.»
(Thiago Borges de Almeida)


http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?p=11547

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Simone de Beauvoir

... de quem li – entre outros – o para mim fundamental O Segundo Sexo.

Site completo sobre Simone de Beauvoir: AQUI

quinta-feira, 5 de abril de 2012

sou bilingue em português

Devido à polémica em relação ao Acordo Ortográfico em Portugal, este blogue já foi «pré», já foi «pós» Acordo, e agora não sabe se fica lá ou cá. Os jornais aqui assumiram o Acordo; já os editores na sua maioria resistem e dizem não . Mas alguns disseram... sim. Alguns autores esperam do revisor os critérios «pré», enquanto outros exigem as novas normas... É o que se chama um imbróglio.

Enfim, aos que nos visitam, peço paciência com a mistura que vai encontrar. Ela é o reflexo dessa indecisão, e da minha impossibilidade, como revisora, de assumir preferências. Afinal, mais do que nunca, tenho de ser bilingue (ou será «tri»?) em português.

Ver mais em: http://olivroimpossivel.blogspot.pt/2012/03/o-imbroglio-do-acordo-ortografico.html

domingo, 1 de abril de 2012

Literatura em pílulas


 Editoras desmembram o livro para vendê-lo em textos curtos, na forma digital e em papel. Artigo de FABIO VICTOR, de São Paulo


«No rastro de uma tendência iniciada no exterior, editoras brasileiras começam a desmembrar títulos e vender apenas um conto, um ensaio ou outras narrativas curtas.»


Ler mais em Folha de S. Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/32993-literatura-em-pilulas.shtml


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