segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

em viagem com Turguénev pela Rússia do século XIX

Ivan Sergueievitch Turguénev (Orel, 1818 - Paris, 1883)
(foto retirada do livro O Crepúsculo do Amor)
Neste mesmo blogue já falei sobre o autor australiano Robert Dessaix, sobre dois livros dele que li e que me conquistaram para sempre. No entanto não cheguei a mencionar, como devia, um terceiro livro de Dessaix, desta vez bem diferente dos anteriores, mas onde a sua marca de sensibilidade, inteligência e cultura está mais uma vez impressa: um estudo sobre o escritor russo Ivan Turguénev, O Crepúsculo do Amor – viagens com Turguénev. Na verdade, uma meditação sobre o amor a partir da vida privada do escritor russo, que «durante quarenta anos foi apaixonadamente devotado a Pauline Viardot, uma célebre cantora de ópera, seguindo-a, a ela e ao marido, por toda a Europa. No entanto, a sua relação foi sempre casta – ambos tiveram casos com outras pessoas – e em várias épocas Turguénev viveu amigavelmente na porta ao lado do casal Viardot.» (da contracapa)


Este livro de Dessaix é o responsável por eu ter ido em busca de Turguénev, autor que então ainda não conhecia. Citado por Dessaix no seu estudo, o livro Pais e Filhos foi logo a minha primeira escolha, em edição da Relógio D'Água, com um posfácio de Vladimir Nabokov que começa assim: «Pais e Filhos não só é o melhor romance de Turguénev, mas também um dos maiores romances do século XIX.» (Aqui entre nós, discordo de Nabokov: o melhor de Turguénev, para mim, é Cadernos de um Caçador.)


Numa sequência irresistível, li Fumo, também já comentado neste blogue. E depois de um breve intervalo tenho agora em mãos Águas da Primavera. Todas edições da Relógio D'Água, na sua colecção de Clássicos.



Esta viagem com Turguénev pela Rússia do século XIX deverá continuar com mais dois livros, que possivelmente irão marcar o final deste meu primeiro e marcante «ciclo russo»: Cadernos de Um Caçador, contos «de uma beleza estranha e inquietadora, e que, no seu conjunto, são a melhor resposta para a pergunta 'Porquê ler?' » (Harold Bloom em Como Ler e Porquê?); e Diário de um Homem Supérfluo, edição da Estrofes&Versos, que assim se apresenta: «Nasci há trinta anos, filho de proprietários rurais bastante ricos. O meu pai era um jogador apaixonado; a minha mãe era uma senhora de carácter... uma senhora muito virtuosa. Mas não conheci nenhuma mulher a quem a virtude proporcionasse menos satisfação. Oprimida sob o fardo das suas qualidades, atormentava toda a gente, a começar por si própria.»



O facto é que nos livros de Turguénev tenho a sensação de encontrar, ao fim e ao cabo, toda a humanidade. Por isso não me canso de degustar cada página. E deixo aqui como sugestão de leitura para o dia em que nos quisermos surpreender.

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