quinta-feira, 4 de abril de 2013

a literatura russa chega ao Brasil pela Editora 34

Como editar autores de uma língua na qual não se é versado? “É complicado, mas não é impossível”, diz Piquet. “O que sempre fiz foi o cotejo indireto, a comparação com outras traduções. Não é o ideal. Quando você lê um texto traduzido, o seu primeiro mapa é o texto em si. Ler com atenção, com profundidade, para todas as camadas do texto. Quando se lê com atenção, percebe-se onde pode haver problemas de tradução. O trabalho de edição de texto é uma leitura aprofundada e desconfiada. Se você confiar que a tradução está certa, sem erros, você não vai levantar nenhum problema e não vai mexer no texto. Mexerá só na camada mais superficial. É um trabalho investigativo também, de certa forma”.

Ao trabalhar com Dostoiévski, cotejava com as traduções em inglês, italiano e espanhol. “Você começa a sentir os cacoetes de tradução de cada língua. Franceses têm a tendência a embelezar a tradução dos russos do século XIX. Há casos famosos de editores que alteravam realmente o livro, de como acrescentavam, cortavam etc. Os anglófonos são mais pragmáticos, e frequentemente atropelam as sutilezas ou zonas obscuras do texto. As traduções do espanhol deixavam muito a desejar e parei de usar. Os italianos eram, de longe, os melhores tradutores do russo, coisa que aprendi com o tempo.” [palavras do editor Cide Piquet].

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