sábado, 29 de dezembro de 2012

Nunca mais

Às vezes tenho a nítida sensação de que chego sempre «atrasada» para as coisas, mas de alguma forma esse tempo é o meu tempo, e por isso deve estar certo. Hoje, por exemplo, li pela primeira vez Banho de mar, uma crônica de Clarice Lispector, ela ainda criança indo aos banhos de mar em Olinda, com a família, onde assistiam ao nascer do sol. Eis umas «frases-versos»: "Eu nunca fui tão feliz quanto naquelas temporadas de banhos em Olinda, Recife."/"Como explicar o que eu sentia de presente inaudito em sair de casa de madrugada e pegar o bonde vazio que nos levaria para Olinda ainda na escuridão? De noite eu ia dormir, mas o coração se mantinha acordado, em expectativa."/"A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar? Nunca mais? Nunca mais. Nunca."

In: Conversa de burros, banhos de mar e outras crónicas exemplares, Edições Cotovia, Lisboa, 2006

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