terça-feira, 19 de outubro de 2010
começando a ler Travessuras da Menina Má
Logo que saiu a notícia do Nobel de Literatura para Vargas Llosa, houve naturalmente muitos comentários sobre a obra do autor e as preferências de cada um por este ou aquele livro. Em conversa com amigos, surgiram alguns nomes mas principalmente dois deles: Conversa na Catedral e Travessuras da Menina Má.
O primeiro, comprei há pouco tempo, numa feira de sebos (alfarrabistas) no Largo do Machado, no Rio. Mas ainda não li. A edição (7ª) é de 1987, publicada pela editora Francisco Alves, com tradução de Olga Savary (nome em destaque no rodapé da capa). Logo abaixo do nome do autor, o anúncio de que o livro recebeu o Prémio Ernest Hemingway 1985.
Trouxe o livro na bagagem, junto com outros que ganhei, todos à espera cada um da sua vez.
Entretanto, outro passou à frente. É engraçado como o boca a boca funciona. Registei as impressões e opiniões alheias e, saindo do supermercado, passando em frente à livraria Bulhosa, entrei e simplesmente comprei, sem pestanejar, o meu exemplar de Travessuras da Menina Má.
O facto é que tenho me deliciado, mesmo estando nas primeiras quarenta e poucas páginas, com a narrativa e todas as suas referências locais e nomes e caracterizações dos personagens. Sem falar que houve um dado inesperado que me cativou: a grande semelhança entre o temperamento de uma das personagens e o de uma amiga. Toda a caracterização inicial, física e psicológica, de uma das "chileninhas" me fez reconhecer, desde o princípio, esta pessoa real que conheço já lá vão tantos anos.
Não tenho qualquer suspeita do que virá a seguir. E nem tenho pressa que tudo se revele de uma vez. Prefiro manter o mesmo ritmo de leitura e ir descobrindo aos poucos o que terá Vargas Llosa engendrado, com sua maestria, para estar a conquistar a mim também.
Da contracapa:
"Ricardo vê cumprido, muito cedo na vida, o sonho que sempre alimentara de viver em Paris. Mas o reencontro com um amor da adolescência mudará tudo. Essa jovem inconformista, aventureira, pragmática e inquieta arrastá-lo-á para fora do estreito mundo das suas ambições.
Criando uma admirável tensão entre o cómico e o trágico, Mario Vargas Llosa joga com a realidade e a ficção para dar vida a uma história na qual o amor se nos revela indefinível, senhor de mil caras, tal como a menina má.
Paixão e distância, sorte e destino, dor e prazer...
Qual o verdadeiro rosto do amor?"
21 de Novembro. Um mês a ler o livro. Terminei hoje. Um mês por minha culpa (porque leio sempre pelo menos dois livros ao mesmo tempo), nunca por culpa do livro de Vargas Llosa, que li com grande prazer. Agora já estou a sentir falta do Ricardito, da chileninha, das piroseiras, da doçura e constância do amor do menino bom. Em algum momento até me fez recordar O Amor no tempo do cólera, um dos meus livros preferidos de Gabriel García Márquez e um dos meus livros preferidos desde sempre.
Travessuras da Menina Má
Mario Vargas Llosa
5ª edição
376 pp
Publicações Dom Quixote
Lisboa, Outubro de 2010
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