quinta-feira, 7 de outubro de 2010

HHhH (Himmlers Hirn heißt Heydrich)

Praga

Há bem pouco tempo li um livro que me fez viajar de muitas maneiras - para um lugar, para uma época, para dentro de um episódio da História, para dentro da vida de um país no centro da Europa: a República Checa (naquele tempo ainda Checoslováquia).


HHhH é um dos mais interessantes livros que li nos últimos tempos. Narrado em 1ª pessoa (o próprio autor, Laurent Binet), conta um episódio marcante da II Guerra Mundial, durante o período em que Praga tornou-se um dos mais temíveis centros do poder nazi.
Se me perguntarem se é romance histórico, história romanceada, história pura e simples, eu direi que não é nenhuma destas opções - sendo, ao mesmo tempo, um pouco de tudo. Inclusive literatura.



Acontece que o autor está envolvido, diria mesmo 'enredado', naquilo que conta; quase que menos como autor, e mais como se fora uma testemunha. Ao lado daqueles factos ocorridos no ano de 1939, ficamos a saber da viagem do autor a Praga nos dias recentes, viagem destinada sobretudo à pesquisa para o livro. E começa então a outra longa e difícil viagem: a viagem do escritor que quer contar a sua história, e que pelo meio vai construindo e desconstruindo a sua forma de contá-la. Para mim, esse foi um dos grandes trunfos do livro: como leitora, perceber as idas e vindas do autor para narrar uma história verídica - e dramática -, sem ser um historiador, nem ficcionista. Mas sim um hábil contador da história.

Leia um trecho (pp. 19-20): aqui neste mesmo blogue

HHhH - Operação Antropóide
Laurent Binet
1º Prémio Goncourt 1º Romance 2010
Revelação 2010 - Revista Lire
Tradução do francês por Manuela Torres
300 páginas
Sextante Editora, Abril de 2011

O livro estará nas livrarias este mês de Abril, em Portugal, pelo selo da Sextante.
E garanto que quem o ler vai desejar ir a Praga logo a seguir. Eu já fui, e agora desejo voltar.

Prémio Nobel de Literatura 2010

Mario Vargas Llosa


"In the last few years, something curious has happened. I’ve noticed that I’m reading less and less by my contemporaries and more and more by writers of the past. I read much more from the nineteenth century than from the twentieth. These days, I lean perhaps less toward literary works than toward essays and history. I haven’t given much thought to why I read what I read . . . Sometimes it’s professional reasons. My literary projects are related to the nineteenth century: an essay about Victor Hugo’s Les Misérables, or a novel inspired by the life of Flora Tristan, a Franco-Peruvian social reformer and “feminist” avant la lettre. But then I also think it’s because at fifteen or eighteen, you feel as if you have all the time in the world ahead of you. When you turn fifty, you become aware that your days are numbered and that you have to be selective. That’s probably why I don’t read my contemporaries as much."

Link para a entrevista completa ao The Paris Review (1990): http://www.theparisreview.org/interviews/2280/the-art-of-fiction-no-120-mario-vargas-llosa

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