Há bem pouco tempo li um livro que me fez viajar de muitas maneiras - para um lugar, para uma época, para dentro de um episódio da História, para dentro da vida de um país no centro da Europa: a República Checa (naquele tempo ainda Checoslováquia).
HHhH é um dos mais interessantes livros que li nos últimos tempos. Narrado em 1ª pessoa (o próprio autor, Laurent Binet), conta um episódio marcante da II Guerra Mundial, durante o período em que Praga tornou-se um dos mais temíveis centros do poder nazi.
Se me perguntarem se é romance histórico, história romanceada, história pura e simples, eu direi que não é nenhuma destas opções - sendo, ao mesmo tempo, um pouco de tudo. Inclusive literatura.
Acontece que o autor está envolvido, diria mesmo 'enredado', naquilo que conta; quase que menos como autor, e mais como se fora uma testemunha. Ao lado daqueles factos ocorridos no ano de 1939, ficamos a saber da viagem do autor a Praga nos dias recentes, viagem destinada sobretudo à pesquisa para o livro. E começa então a outra longa e difícil viagem: a viagem do escritor que quer contar a sua história, e que pelo meio vai construindo e desconstruindo a sua forma de contá-la. Para mim, esse foi um dos grandes trunfos do livro: como leitora, perceber as idas e vindas do autor para narrar uma história verídica - e dramática -, sem ser um historiador, nem ficcionista. Mas sim um hábil contador da história.
Leia um trecho (pp. 19-20): aqui neste mesmo blogue
HHhH - Operação Antropóide
Laurent Binet
1º Prémio Goncourt 1º Romance 2010
Revelação 2010 - Revista Lire
Tradução do francês por Manuela Torres
300 páginas
Sextante Editora, Abril de 2011
O livro estará nas livrarias este mês de Abril, em Portugal, pelo selo da Sextante.
E garanto que quem o ler vai desejar ir a Praga logo a seguir. Eu já fui, e agora desejo voltar.
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