sábado, 14 de julho de 2012

Paulo Henriques Britto


Envoi


O tempo, que a tudo distorce,
às vezes alisa, conserta,
e a golpes cegos acerta:

em seu tosco código Morse
de instantes sem rumo e roteiro
então dá forma a algo de inteiro.

Não um verso, que em folha esquiva
a gente retoca e remenda
até ser coisa que se entenda,

mas algo que na carne viva
se esboça, se traça, se inscreve
bem mais a fundo, ainda que breve -

pois todo poema é murmúrio
frente ao amor e sua fúria.


do livro Formas do Nada, de Paulo Henriques Britto

ler na cama


"E qual a posição ideal para ler na cama? De barriga para cima, o mundo parece perfeito até que seus braços e ombros começam a sentir o peso da gravidade. Então você vira de lado, suponhamos, o esquerdo, e prossegue sua leitura da página 77, julgando assim ter encontrado um estado de coisas assaz satisfatório. A página 78, contudo, traz uma inverossímil reviravolta na trama e uma dificuldade: ela se localiza na parte inicial do grosso livro, que você mal começou. Como equilibrar a página 78 aberta quando se está deitado sobre o flanco corporal esquerdo, sendo esta uma folha par e o lado direito do livro, essencialmente ímpar?" (...)

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por que tradutor?

Marcelo Brandão Cipolla, coordenador das traduções de inglês da editora Martins Fontes, é tradutor há 21 anos. Gentilmente, ele aceitou o convite para ser entrevistado para o blogue Ao Principiante. Leia na seção Entrevista, através do link abaixo. A conversa, em quatro etapas, aborda a área editorial e muitos outros assuntos pertinentes para a profissão, como tecnologia, especialização, pesquisa e mais. Vale a pena acompanhar!



"quem construiu Tebas foram seus operários"

[Mesa sobre tradução da programação Off-Flip (Feira Literária Internacional de Paraty)]

“Quando eu traduzi Os Sertões, tive que comer muita carne de bode e tomar umbuzada para traduzir exatamente as sensações para o alemão.”

Repetiu também palavras de Saramago: “as literaturas nacionais são escritas pelos escritores, mas a literatura, em si, o que a torna mundial, é escrita pelos tradutores”.

“Fico triste quando vejo mesas importantes que citam os livros dos escritores estrangeiros sem fazer qualquer menção aos seus tradutores brasileiros. Quem construiu Tebas foram seus operários.”

Berthold Zilly (professor da Universidade Livre de Berlim).

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