Uma das minhas melhores experiências como assistente editorial foi a participação na edição de alguns livros do ano da edição brasileira da enciclopédia
World Book, que no Rio era publicada por um pequeno departamento da antiga editora Guanabara-Koogan, hoje parte do Grupo GEN (Grupo Editorial Nacional).
O chamado Livro do Ano era uma forma de manter minimamente actualizada a enciclopédia como um todo, onde se incluíam, ampliados em relação ao original, verbetes específicos da realidade brasileira.
Ainda melhor foi, posteriormente, ter a oportunidade de actualizar alguns volumes da própria enciclopédia, cujos verbetes nacionais já se encontravam por demais desfasados.
Hoje, com a Wikipedia e muitas outras fontes de consulta na internet, não consigo imaginar qual terá sido o destino das enciclopédias impressas, com o espaço limitado do papel facilmente ultrapassado pelo espaço ilimitado da web. Haverá alguém interessado em folhear os exemplares que eventualmente ainda se encontrem nas casas de algumas famílias que um dia os adquiriram em prestações?
Revista LER, Abril 2011. Comentário elucidativo de Umberto Eco: "A internet tem o problema de não ser filtrada. Há todo o tipo de informação possível. No entanto, a cultura é feita de filtragem.
O que é a enciclopédia? É o conjunto das notícias controladas pela comunidade científica que nos diz que vale a pena saber isto e não vale a pena saber aquilo."
Matéria publicada em 15/03/2012 no jornal
Folha de S. Paulo sobre o fim da
Enciclopédia Britânica:
http://livrosetc.blogfolha.uol.com.br/2012/03/14/enciclopedia-x-wikipedia/
"(...) A web, como se sabe, é a principal concorrente. Os números de queda nas vendas dão a medida do estrago: em 1990, foram compradas 120 mil coleções, em 2010, apenas 8.500. E a concorrente é principalmente a Wikipedia, como também se sabe, com seus 3, 9 milhões de verbetes, atualizados a cada instante por infinitos voluntários em todo o mundo. A Britânica reúne 120 mil verbetes, que só podiam ser mudados a cada nova edição bienal – e se você pensar que ninguém renova a enciclopédia de casa a cada dois anos, é ainda maior o estado de desatualização do leitor fiel que, por algum motivo insondável, se recuse a procurar mais sobre o assunto na internet. (...)"
Encyclopædia Britannica, 1768-2012