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(...)
Quanto aos diminutivos são uma coisa deliciosa na tua obra. A pena foi serem feitos quase sempre à portuguesa. Você já reparou que o diminutivo brasileiro ainda é mais carinhoso que o português? Eu creio que isso nos veio do fundo amoroso do negro. Bodezinho pra nós ficou bodinho, que é uma maravilha e a que nada se compara no mundo das línguas que conheço. É engraçado, agora que começo a escrever brasileiro, tenho usado uma quantidade enorme de diminutivos. Você compreende: a gente não pode fingir, quer falar brasileiro mas isso não basta. É preciso sentir brasileiro também. Pus isso num poema que estou fazendo, pequenininho aliás, "O poeta come amendoim", e que assim que ficar pronto te mandarei, já está pronto até, mas tem umas coisas que não gosto, eu pus um diminutivo que é um achado, veja:
"A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos.
Silêncio! O imperador medita os seus versinhos.
Os Caramurus conspiram na sombra das mangueiras."
Não achas estupendo aqueles "versinhos"? É uma caçoadinha cheia de respeito, cheia de amor nosso, bem brasileiro. Acho um encanto.
(...)
Tirado do livro Seria uma rima, não seria uma solução - a poesia modernista
336 pp
Livros Cotovia
Lisboa, 2005
Muito usado em Portugal também os diminutivos terminados em "ito" – "bodezito", "casita", etc. Essa forma tem lá a sua graça.
ResponderExcluirSim, tem sua graça. Mas sou suspeita porque vivo usando o diminutivo em -inho ;-)
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