«Aos 73 anos, o escritor, historiador e presidente da biblioteca de Harvard, Robert Darnton, se vê com um novo desafio nas mãos: criar uma gigantesca biblioteca digital no Estados Unidos aberta para todo o mundo.
Na era em que a tecnologia não é mais uma novidade, mas uma facilitação do cotidiano de pessoas de todo o mundo, o livro passa a ter um novo formato; o digital. Nos últimos anos muitos rumores a respeito da extinção do impresso surgem, mas Darnton afirma com precisão que o livro está mais vivo do que nunca. “Os números de publicações estão crescendo”, afirma o pesquisador. “Eu leio livros impressos, prefiro esse tipo. Mas acredito nos livros digitais. O livro não está morto. As pessoas adoram o livro impresso, mas isso não exclui o digital”.
O historiador, que dirige a maior biblioteca universitária do mundo, não recusa o fato de que a tecnologia facilita a vida das pessoas, democratizando também a informação. Mas ele alerta que tudo o que envolve tecnologia conta com empresas que visam lucros: “As grandes empresas poderiam monopolizar por quererem ganhar mais dinheiro”.
O Google, na opinião de Darnton, mostrou a possibilidade dos arquivos digitais para as universidades. E o historiador agora tenta, com ajuda financeiras de fundações privadas, criar a maior biblioteca digital do mundo. “Nós temos a internet e podemos acontecer, e faremos”.
Um dos problemas que Darnton tem enfrentado em sua caminhada ruma ao digital é a monopolização de editoras especializadas. “As editoras controlam o mercado de livros digitais e ganham muito dinheiro com isso”. Elas descobriram o potencial de publicações cientificas e cobram caro por elas. Outra questão que tem sido um problema é o direito autoral. “Maior do que o dinheiro e do que a tecnologia”, segundo Darnton.
Hoje, a biblioteca de Harvard conta com 17 milhões de volumes em 350 línguas. A intenção do presidente é fazer o mesmo com a versão digitalizada, tornando o acesso à informação algo mais acessível a qualquer pessoa. Para esse projeto, Darnton diz que conta com 100 milhões de dólares. “Podemos fazer isso graças às fundações. Elas foram criadas por empresas que ganham muito dinheiro, mas possuem total autonomia”.
Apresentado pelo jornalista Mario Sergio Conti, o Roda Viva contou com os entrevistadores: Beatriz Kushnir (doutora em História pela Unicamp e diretora do arquivo geral da cidade do Rio de Janeiro); Paulo Werneck (editor do caderno Ilustríssima, do jornal Folha de S. Paulo), Lilia Schwarcz (historiadora e antropóloga, professora titular de Antropologia da USP); e Cassiano Elek Machado (jornalista e editor).»
Fonte desta página publicada: TV CULTURA
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