quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
"Clarabóia", de José Saramago
Apresenta-se amanhã em Madrid, na Casa de América, a edição em castelhano de “Claraboia”, com tradução de Pilar del Río, numa edição Alfaguara.
Para assinalar a data foi hoje apresentado um vídeo sobre o livro, que conta com a participação de Pilar del Río, do escritor Gonçalo M. Tavares, do editor português Zeferino Coelho, Ángeles Mastretta, Claudia Piñeiro e do escritor Héctor Abad Faciolince.
(Notícia do blogue CIBERESCRITAS em 29/02.)
Para ler sobre este livro de Saramago, baixar gratuitamente o ficheiro da revista Lucerna, através do site da Fundação José Saramago: AQUI
Rubem Fonseca - o que é o escritor?
"Não existem sinónimos! Essa coisa de sinónimo é conversa mole pra boi dormir!"
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Clarice responde
Qual o livro nacional ou estrangeiro que lhe tenha deixado maior impressão?
Esta é uma pergunta difícil... porque eu sempre passo épocas em que tal ou qual livro me impressiona. Depois o esqueço e outro toma o seu lugar. Às vezes o que me agrada num livro é o "tom", o plano em que o autor se move.
E se em outro livro o autor muda o "tom", eu perco o interesse. É um estado d'alma.
Quais os melhores livros da literatura universal, na sua opinião?
Humilhados e Ofendidos, Crime e Castigo, de Dostoievski, Sem Olhos em Gaza, do
Huxley, Mediterrâneo, de Panait Istrati e as obras de Anatole France em geral.
Mas isto é só do que já li.
Foto e texto, e mais sobre a entrevista, no blog http://viledesm.blogspot.com/2011/12/clarice-uma-arqueologia.html
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
CBL investe R$ 197 mil no CANAL
Ler o artigo completo em: CBL investe R$ 197 mil no CANAL | Publishnews | Notícias
Ver também: http://www.cbl.org.br/canal/
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
"língua materna"
George Steiner
através do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: http://www.ciberduvidas.com
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Eu gosto de ler livros
"Eu gosto de ler livros. Parece besta e óbvio usar uma frase dessas para inaugurar um blog sobre livros. Mas é coisa comum encontrar por aí quem vive de livros mas nunca os lê.
Eu gosto de ler livros desde os três, quatro anos. Minha mãe, ex-professora do antigo primário, tem o hábito extravagante de alfabetizar crianças cedo demais. Fez isso com meu irmão antes de mim e agora com meu sobrinho, que completou cinco –“Tiago já está lendo tudo!”, ela me disse ao telefone, e repetiu três vezes.
Eu gosto de ler livros pois certo dia meu pai chegou em casa com um volume que me pareceu colossal: “A Morte e a Morte de Quincas Berro D´Água”. Achei ingenuamente que o tal homem que renascia era um tipo de herói, desses de epopeia grega. Foi o primeiro livro de adultos que tentei ler a sério e desde então me acompanha sua frase mais conhecida, a de Quincas no cais antes de cair no mar: Cada qual cuide de seu enterro, impossível não há.
Eu gosto de ler livros e por isso, com sorte, fui trabalhar com eles. Aos 17 anos, fiz a primeira resenha no susto. Um professor da faculdade era também editor do suplemento literário. Flori me entregou o embrulho e disse – “ó, duas laudas, para segunda. Se não me trouxer, ponho um calhau e digo que a culpa é sua.” [calhau, no jargão da redação, é algo que se arranja às pressas para tapar o buraco de um texto que não chegou.]
Escrevi sobre livros no meu começo no jornalismo. Mas depois fui trabalhar com assuntos internacionais e economia. Quando achei que nunca mais faria algo com eles, me tornei editora-assistente e depois editora de uma revista de livros.
Cada qual cuide de seu enterro, impossível não há. Gostava muito do finzinho, “impossível não há”, que funciona como incentivo para tentar alguma coisa bastante difícil. Até brincava de dizer o trecho para uma amiga, que o retribuia –ela também adorava a frase desde criança por causa do pai.
Só muitos, muitos anos depois, e passadas várias mortes, minhas e dos outros, entendi que a melhor parte é, caramba, a primeira. “Cada qual cuide de seu enterro”. A linda novelinha, mais tarde fui entender, me dizia com sua metáfora baiano-barroca que a cada um cabe cuidar da própria vida (a própria vida, não a dos outros!) e que, cuidando de viver, não se morre. Não era um heroi, muito menos de epopeia, mas Quincas, morto-vivo e beberrão, me fez gostar de ler livros.
Este blog vai tratar de livros, sejam físicos, digitais, líquidos ou gasosos. E também de editoras, livrarias, prêmios e festas literárias. Para quem lia já o meu “Painel das Letras”, será bastante parecido, quem sabe até um pouco melhor, assim espero e conto com você, leitor."
do blogue Livros Etc, de Josélia Aguiar, no jornal Folha De S. Paulo: http://livrosetc.blogfolha.uol.com.br/2012/02/10/cada-qual-cuide-do-seu-enterro/
A última entrevista de João Guimarães Rosa
"Conheci Aquilino (Aquilino Ribeiro), mas acidentalmente. Eu entrei numa livraria, não sei qual, do Chiado (presumo que a Bertrand) e, quando pedi alguns livros dele, o empregado perguntou-me se eu queria conhecê-lo, pois estava ali mesmo. Respondi que sim, e desse modo obtive dois ou três autógrafos de Aquilino, com quem conversei alguns instantes. Voltei a estar com ele, mais tarde, num jantar que lhe foi oferecido enquanto de sua vinda ao Brasil. Mas ele, naturalmente, não se recordava de mim (porque eu não me apresentara como escritor), e eu também não lhe falei do assunto."
Guimarães Rosa surpreendeu seus leitores ao confessar pelas colunas do jornal O Estado de Minas (edição de 26 de novembro de 1967) que as histórias de seus livros lhe chegavam por via supranormal. E mais: que era dado a outros fenômenos, tais como o sonho premonitório e a telepatia. Mas deixemos que ele próprio relate: "Tenho que segredar que - embora por formação ou índole oponha escrúpulo crítico a fenômenos paranormais e em princípio rechace a experimentação metapsíquica - minha vida sempre e cedo se teceu de sutil gênero de fatos. Sonhos premonitórios, telepatia, intuições, séries encadeadas fortuitas, toda a sorte de avisos e pressentimentos. Dada às vezes, a chance de topar, sem busca, pessoas, coisas e informações urgentemente necessárias...”
Entrevista completa: http://www.advivo.com.br/node/749139
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Victor Hugo. Guernsey, 1853.
Em dezembro de 1851, um dia após um golpe de Estado promovido por Luís Napoleão (Napoleão III), o escritor, poeta e político Victor Hugo fugiu de Paris, iniciando um exílio de quase vinte anos em Guernsey, uma pequena ilha no canal da Mancha pertencente à Grã-Bretanha. A foto deixa transparecer a angústia do exílio. Victor Hugo dizia que de lá podia avistar sua terra natal; aliás, foi ali que ele terminou de escrever Os Miseráveis, sua obra mais famosa.
Imagem e texto através de Fernando Rabelo: http://www.imagesvisions.blogspot.com/
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Elogio do revisor
Trindade Coelho, em In Illo Tempore, conta a seguinte história que resumo de memória: num texto em que ele escrevera «dizia-se à saciedade», o tipógrafo emendou «saciedade» por «sociedade»; Trindade Coelho tornou a escrever «saciedade», e o tipógrafo alterou de novo. Até que, ao fim de duas ou três alterações e reposições, o autor falou com o homem, que lhe respondeu: «Ficará como o senhor doutor quiser, mas olhe que toda a gente sabe que se diz "sociedade", não "saciedade".» Existiriam já "revisores profissionais"? Ou era aos tipógrafos expeditos que cabia rever os textos?
Há livros mal revistos ou a que, mais provavelmente, tenha de todo faltado uma revisão. O autor pode ser extraordinário, mas a verdade é que se nota essa diferença. Uma distracção aqui, um desconhecimento ali, uma fragilidade acolá. Em contrapartida, qualquer romance melhora substancialmente se tiver passado pelas mãos de um revisor a sério. Talvez alguns escritores se sintam ameaçados. Não deviam. O revisor não é somente um homem que domina perfeitamente a língua, deve ser uma pessoa superiormente culta, que se passeia com grande à vontade por muitas esferas do saber. Com o "meu" revisor não só fui chamado a prestar atenção a pormenores de pontuação que me haviam escapado, como a erros de conteúdo relativos - por exemplo - aos poderes da raia [zoologia], às regras do sumo [desporto; cultura japonesa]. Detectou referências que eu discretamente fizera, sem querer ostentar, remetendo-as para Hitler [história, política internacional] ou para Nietzsche [filosofia], não, por sua vez, para se exibir, mas para me sugerir que contextualizasse de outro modo.
Em algumas das sugestões que fez pareceu-me evidente alguma ironia. Sobretudo quando se tratava de neologismos que eu ousava. A ironia fere-me, irrita-me. Como se uma mente mais culta ou mais inteligente do que a minha se divertisse à custa das limitações que revelo. Mas que querem? Há na competência e no rigor algo que se confunde facilmente com arrogância. Parece-nos sempre que as pessoas que realmente sabem e se indignam com as falhas que consideram "inadmissíveis" são pouco tolerantes.
Robert Conquest apresentou três leis da política, a primeira das quais determina que «toda a gente é de direita em relação àquilo que sabe melhor». Admito que o termo «direita» seja, aqui, muito ambíguo. Mas trata-se, explica-nos Scruton, de se mostrar «desconfiado em relação ao entusiasmo e à novidade e respeitoso para com a hierarquia, a tradição e os modos estabelecidos». Julgo, é claro, que em literatura, onde a originalidade não deixa de ser fundamental, qualquer apreciação enquistada num «respeito» fundamentalista pela «hierarquia» e pela «tradição» possa pecar por obtusidade. Vasto é o campo onde a visão do artista tem de se impor - e se vale alguma coisa, caberá ao futuro julgar, mais do que ao revisor. Mas mesmo assim. É talvez este critério de pouca abertura que torna, os bons revisores, profissionais escrupulosos e impacientes com os erros.
Perante um revisor como aquele que trabalhou sobre o meu texto, sinto-me frágil e embaraçado. Chego a pensar: «Mas afinal eu não sei escrever.» Todavia, dois minutos após termos concluído a nossa reunião, percebo que o romance que eu escrevera está agora muito melhor, muito mais sólido na forma e com menos imprecisões no conteúdo. Quase - ocorre-me - como se tivesse sido escrito em co-autoria. E agradeço não sei bem a quem ou a quê [ao destino, talvez], que, mais do que o facto de escrever um romance que foi sujeito a uma revisão, esta fosse feita por um revisor de primeira."
do blogue de José Pacheco, em setembro de 2011: http://leitordeprofissao.blogspot.com/2011/09/elogio-do-revisor.html
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
¡BIBLIOBURRO! Esto es una maravilla. Creativo, tenaz, loco, con sus dos burros, Alfa y Beto, cargados de libros, el profesor Luis Soriano recorre los montes llevando biblioteca, cargando lecturas, textos, cuentos, poemas, diccionarios, enciclopedias, novelas, alfabeto y ciencia a los campesinos del Caribe colombiano.
Imagem e texto através de Guillermo Tedio (facebook)
A Biblioteca da Holland House em Londres foi bombardeada em setembro de 1940. Essa célebre fotografia foi feita após um ataque aéreo alemão que devastou Londres. As paredes da biblioteca ficaram intactas, com suas estantes de livros ordenadamente dispostos. A imagem, de autoria desconhecida, mostra três homens de chapéu que aparecem calmamente folheando livros sob os escombros, alheios ao terror da noite anterior.