sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Vida num Instante

Mais um projeto concretizado pela LIVRO DE AUTOR: design e assessoria editorial.
Hoje, 2/2, em Arruda dos Vinhos, Portugal, apresentação do livro de fotografias  A VIDA NUM INSTANTE, de Fidalgo Pedrosa.

«Fidalgo Pedrosa fotografa desde 1975. Com extrema sensibilidade, retrata principalmente o elemento humano, conseguindo extrair com a sua câmara aquilo que normalmente não se vê, o subjetivo, o translúcido, transmitindo nas suas imagens emoção, surpresa, inquietação. O quotidiano, a casualidade, o humor, a vida em sociedade, a solidão e outras tantas situações reveladas através de uma estética equilibrada, onde estão presentes também elementos como a arquitetura, o grafismo e o contraste de texturas e formas, transformam cada uma das suas fotografias numa história particular, única, com início, meio e fim, onde A VIDA NUM INSTANTE acontece...» (da contracapa)



















Fidalgo Pedrosa

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

meu cronista preferido

RUBEM BRAGA (Cachoeiro de Itapemirim, 12/1/1913 - Rio de Janeiro, 19/12/1990)


A outra noite
 
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:
— O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra — pura, perfeita e linda.
— Mas, que coisa…
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
— Ora, sim senhor…
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei. 

(Rio, setembro, 1959. Do livro AI DE TI, COPACABANA)

LER MAIS sobre Rubem Braga em Monte de Leituras

domingo, 13 de janeiro de 2013

Times New Roman



«A história da Times New Roman começa em 1929, quando Stanley Morison escreveu uma dura crítica dirigida aos executivos do jornal “The Times”, de Londres, sobre a maneira como usavam a tipografia. Morison, então consultor da empresa tipográfica Monotype Corporation, alertava para o fato de o jornal ser mal impresso e tipograficamente antiquado, conspirando contra sua reputação construída ao longo dos anos.

O “Times” se orgulhava de ser reconhecido pela tipografia. Em uma das mais famosas aventuras de Sherlock Holmes, “O cão dos Baskervilles”, publicada por Arthur Conan Doyle em 1902, o detetive diz: “A identificação das letras impressas é um dos ramos mais elementares do conhecimento para o especialista em crimes, embora eu confesse que, quando jovem, confundi o ‘Leeds Mercury’ com o ‘Western Morning News’, mas o tipo dos editoriais do ‘Times’ é inconfundível”.

Perplexos com a audácia de Morison, que ousou desafiar o jornal de quase 150 anos, os diretores formaram uma comissão para analisar as críticas. O detalhado artigo de mister Morison, autoridade já consagrada no campo da tipografia, não deixava dúvidas, e os diretores concluíram que, para o bem de seus leitores, era realmente necessário mudar a tipografia do jornal. (...)»


Por Léo Tavejnhansky para o caderno Prosa de O Globo. Ler mais AQUI

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

o fim do livro

«(...) Mais ameaçador do que o livro eletrônico, contudo, é o neo-liberalismo editorial, ou capitalistalinismo. Estou agora enfiado nas páginas de O Negócio dos Livros – Como as grandes corporações decidem o que você lê (Casa da Palavra, 2006). O autor é André Schiffrin, ex-editor da Pantheon Books, que já foi uma das grandes (em qualidade) editoras dos EUA antes de ser fagocitada pelos conglomerados econômicos que estão, mais depressa do que qualquer engenhoca feita de pixels, promovendo a destruição do livro. Não do livro como artefato de folhas de papel impressas, mas do livro como meio de transmitir idéias. (...)»

Leia mais no blogue de Bráulio Tavares: MUNDO FANTASMO

«É dificil defender somente os e-books sem ser adesista. É dificil defender os livros sem ser saudosista.» (comentário à postagem no blogue)

Leitura, cultura, entretenimento

Quando leio para me divertir, procuro um livro que não vai me exigir muito esforço e que provavelmente vai me dar uma experiência não-problemática, relaxante. Claro que de pessoa para pessoa essas receitas variam. Ler Guimarães Rosa (a cujo estilo estou habituado) para mim é uma diversão, mais do que ler certos autores jovens de hoje, nos quais preciso passar meia hora em cada página, porque eles usam uma organização de prosa com que não tenho familiaridade. (...)
"... o entretenimento é uma parte (importante) da cultura. Mas ele tem que ser a sobremesa, não pode substituir a refeição principal."
Ler mais no blogue de Bráulio Tavares: MUNDO FANTASMO

sábado, 29 de dezembro de 2012

Nunca mais

Às vezes tenho a nítida sensação de que chego sempre «atrasada» para as coisas, mas de alguma forma esse tempo é o meu tempo, e por isso deve estar certo. Hoje, por exemplo, li pela primeira vez Banho de mar, uma crônica de Clarice Lispector, ela ainda criança indo aos banhos de mar em Olinda, com a família, onde assistiam ao nascer do sol. Eis umas «frases-versos»: "Eu nunca fui tão feliz quanto naquelas temporadas de banhos em Olinda, Recife."/"Como explicar o que eu sentia de presente inaudito em sair de casa de madrugada e pegar o bonde vazio que nos levaria para Olinda ainda na escuridão? De noite eu ia dormir, mas o coração se mantinha acordado, em expectativa."/"A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar? Nunca mais? Nunca mais. Nunca."

In: Conversa de burros, banhos de mar e outras crónicas exemplares, Edições Cotovia, Lisboa, 2006

domingo, 25 de novembro de 2012

"The daily routine of famous writers"

tirado do Brain Pickings: ver AQUI
«(...) o que existe, acima de tudo, é uma certa necessidade de expressão, que é muito misteriosa. Porque é que se experimenta essa necessidade, não sei, mas há situações e reflexões que pedem para ser escritas e ditas, inexplicavelmente.»

– palavras de M. Yourcenar em entrevista a Matthieu Galey em De Olhos Abertos)

de novo e sempre Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa

"MANUELZÃO E MIGUILIM
(resenha [de Alfredo Monte] publicada originalmente em A TRIBUNA de Santos, em 04 de fevereiro de 2006)

Guimarães Rosa publicou suas duas principais obras, Corpo de Baile Grande Sertão: Veredas em 1956. A primeira delas apareceu em janeiro e mesmo quem já apreciara Sagarana (1946) ficou impactado. Até há pouco tempo, os sete textos que a compõem encontravam-se divididos em 3 volumes (uma edição especial da Nova Fronteira restaurou a ordem original). Neste artigo, falaremos de um deles, Manuelzão e Miguilim.
   Miguilim é o protagonista de Campo Geral, certamente  o texto mais famoso de Guimarães Rosa, depois de Grande Sertão e de  “A Terceira Margem do Rio”. E embora haja várias narrativas incríveis evocando o mundo da infância (a primeira parte de Em Busca do Tempo Perdido, de Proust, A Harpa de Ervas, de Truman Capote, por exemplo), é provável que nenhuma seja tão inesquecível quanto a história do menininho que vive “em ponto remoto, no Mutúm”. Hiper-sensível, míope (até que lhe coloquem óculos), ligadíssimo na mãe e no irmãozinho Dito (cuja morte é o centro dramático do texto), com um pai ignorante, violento e desconfiado, Miguilim faz com que participemos da sua “descoberta do mundo” de uma forma que nos devolve nosso próprio sentimento de infância. É uma ótima iniciação para quem quiser conhecer pela primeira vez o universo do nosso maior escritor pós-Machado.
 A beleza emocionante de Campo Geral sempre eclipsou injustamente o outro texto desse volume de Corpo de BaileUma Estória de Amor (Festa de Manuelzão), uma obra-prima. Seu protagonista é o encarregado da  fazenda Samarra, o qual, finalmente estabelecido na vida, resolve inaugurar uma capelinha nas terras do seu patrão (o pessoal da região, entretanto, vê em Manuelzão a encarnação da autoridade) e, por conta disso, suspender a labuta da vida numa grande festa: 'Amanhã é que ia ser mesmo a festa, a missa, o todo do povo, o dia inteiro. Dião de dia!' " (continua AQUI)


Continuação do estudo, agora sobre Tutaméia

terça-feira, 20 de novembro de 2012

acasos e encontros

Adicionei hoje, à lista de blogues de interesse, o Monte de Leituras, de Alfredo Monte, professor-doutor em literatura pela USP, leitor voraz e crítico atento. E quem me fez encontrá-lo nesse espaço quase "infinito" da internet foi Marguerite Yourcenar – tentava eu um modo de baixar algum dos seus livros, diante da dificuldade de encontrar uma edição portuguesa recente. (Tenho ainda de procurar nos alfarrabistas.)

Ultrapassada pelo tempo e pelas inúmeras oportunidades de ler Memórias de Adriano ou A Obra ao Negro ou outro dos seus belos textos, deixei passar a chance de entrar em contato com a sua narrativa poderosa. Mas não completamente. O acaso tem tido um papel essencial nesses meus encontros tardios, como é o caso também de Thomas Mann...
O acaso é sábio.

Mas como cheguei até Yourcenar? Se por um lado não me interessam lá muito as biografias, por outro não resisto a pelo menos folhear as páginas de uma entrevista bem feita, em que o entrevistado – e em particular quando se trata de um escritor – tenha o espaço necessário para falar da sua criação, de todo o seu processo, das suas escolhas, dos porquês... Tenho um pouco esse espírito de investigação (ou será de coscuvilhice...?). E foi assim que comprei e estou a ler De Olhos Abertosconversas com Matthieu Galey.
Muitas vezes encontro esse modo de entrar no universo de um autor, de ser apresentada à sua obra: vou "rodeando" até chegar lá. Mas muitas vezes isso acontece por mero acaso, ou por mãos de outro autor que me conduz até ele, como foi o caso de Robert Dessaix que me apresentou  Turguénev... (mas esta é outra conversa).



Já não me lembro o que me levou a comprar De Olhos Abertos, mas algo aconteceu e me despertou. E como se não bastasse ser apresentada a Adriano e a Zenão – e às suas respectivas vidas –  pelos comentários da própria autora (pois agora, seduzida, ando à procura dos seus títulos), deu-se novo encontro: Thomas Mann. Yourcenar dedicou um capítulo do seu A Benefício de Inventário a Thomas Mann, que ela comenta na entrevista, sem idolatrias. Acontece que também estou a ler A Montanha Mágica, e tudo como que se completa, e se compõe no sentido mais acertado, e desejado (sem que eu soubesse).

Voltando ao blogue de Alfredo Monte, fui lá parar quando buscava os livros de Yourcenar; e lá encontrei, classificado como "o meu autor favorito", Thomas Mann, cujos livros são fartamente comentados.
Como se não bastasse, os posts estão recheados de fotos das capas de diversas edições.



A quem tiver lido até ao fim esta minha experiência de leitora, recomendo não só os livros citados (caso já não os tenha lido), como também uma espiadela no blogue Monte de Leituras.

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