quinta-feira, 7 de junho de 2012
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Os Buddenbrook
Terminei ontem de ler o livro de Thomas Mann, Os Buddenbrook. Com pena de ter chegado ao ansiado fim. Pena porque esse sentimento sempre me ocorre quando estou a terminar uma leitura de que gostei e que já fazia parte dos meus dias. Ansiado fim porque desejava concluir, afinal, o ciclo deste livro e pensar sobre ele. E há muito que pensar, pois trata de questões sempre atuais, naquele tempo ou neste que vivemos.
O interesse particular por este livro e por outros que virão em breve está na sequência de um estudo sobre o século XX - mais exactamente fim do XIX, início do XX até aos anos que se seguem à II Grande Guerra. Relacionar Literatura e História é o que mais me interessa no momento.
Devo dizer que no primeiro terço do livro fui quase displicente na leitura, porque a mim tudo me soava essencialmente descritivo – embora as descrições de T.M. nunca sejam inocentes, e eu sabia disso. Mesmo assim, só a partir de certa altura é que comecei a perceber: havia ali pelo menos duas ou três entre as principais personagens que eram na verdade muito mais que elas mesmas e que estavam destinadas a uma crescente complexidade enquanto representantes de um mundo que com elas também terminava. Novos tempos estavam a abrir caminho porque precisavam vir.
(E mais uma vez constato: como me faltam conhecimentos de História! E como são essenciais para se perceber qualquer coisa.)
«Que razões poderão levar um leitor do século XXI a interessar-se por Os Buddenbrook, cento e dez anos decorridos sobre a data da sua primeira publicação?» - lê-se no Posfácio da edição portuguesa. Esta é uma pergunta que fica inteiramente respondida quando viramos a última página do livro, quando acabamos de acompanhar o desmoronamento de Thomas Buddenbrook e de um mundo que já não tem como se sustentar. Quando, perplexos, assistimos ao fim dos gestos vazios, repetitivos, obsessivos e inúteis «que traduzem o empobrecimento de uma vida interior, sacrificada às mãos da prosperidade e dos sucesso mercantil». Thomas, que ao longo da história é forçado a se defrontar consigo mesmo através do irmão, Christian, e depois do filho, Hanno, é o representante da terceira geração de uma família bem estabelecida na cidade de Lübeck, no Norte da Alemanha. Nele «começam a insinuar-se os primeiros movimentos pendulares de uma tensão muito cara ao autor: a oscilação contrapontística entre a realidade burguesa, pragmática e implacável, e a vida, mais profunda, do espírito».
Uma palavra à excelente tradução de Gilda Lopes Encarnação, tradutora premiada, que nos faz degustar cada frase.
Edição da Dom Quixote
em Abril de 2011
638 páginas
«Thomas (sentado) e o irmão Heinrich Mann numa fotografia tirada por volta de 1900. Nesta altura Heinrich tinha já publicado pelo menos dois livros, enquanto Os Buddenbrook de Thomas estava prestes a sair.
Thomas Mann ganhou repercussão internacional, aos 26 anos, com Os Buddenbrook, sua primeira obra. Fortemente inspirado na história de sua própria família, o romance foi lido com especial interesse pelos leitores de Lübeck que descobriram ali muitos traços de personalidades conhecidas. A publicação deste livro valeu a Thomas Mann uma reprimenda de um tio, que o acusou de ser um "pássaro que emporcalhou o próprio ninho". » (Wikipédia)
Prémio Nobel de Literatura de 1929.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Richard Zimler: the subversive side of my personality
Lorraine Berry entrevista Richard Zimler
«Over the past thirteen years, I’ve corresponded by email with Richard Zimler, the award-winning author of The Warsaw Anagrams and The Seventh Gate, both released in the United States in 2012 by Overlook Press.
(...)
He is now an American expatriate. Zimler and his partner live in northern Portugal, and the eight novels he has written in fifteen years have received heaps of attention and awards in Europe. His books have been translated into multiple languages. It’s a great shame that, despite his success elsewhere, Richard Zimler is virtually unknown in the United States.»
Para ler a entrevista, siga o link talking writing
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Espaço Llansol
Páginas manuscritas de Maria Gabriela Llansol
Jornal O Público, 3 de Março de 2008:
Maria Gabriela Llansol ganhou por duas vezes o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE). Da segunda vez, foi a obra Amigo e Amiga que lhe valeu o prémio relativo a 2006.(...) A autora é considerada uma das mais inovadoras escritoras da ficção portuguesa contemporânea e tem títulos como A restante vida (1978), Um beijo dado mais tarde (1990) e Lisboaleipzig (1994), entre outros.
A sua escrita é também por vezes considerada hermética e de difícil leitura, sendo difícil aplicar designações tradicionais como conto, romance ou mesmo diário.
Por que escreve?
Não há um porquê. Há uma afirmação. Eu só posso dizer "eu escrevo".
E por que é que não pode dizer "porquê"?
Porque se eu respondesse 'porquê' criava uma relação de causa e efeito.
Ora, eu não sinto em mim o porquê de escrever, como eu não sinto em mim o porquê de beber ou o porquê de olhar. Há a constatação de uma realidade: e nasci constitutivamente assim, escrevendo."
Maria Gabriela Llansol
in Jornal de Notícias
(14 de Julho de 1991)
No dia 19 de Maio passado, o escritor Gonçalo M. Tavares esteve na Letra E [no Espaço Lhansol] falando das suas ligações a Llansol, do modo como prolonga aqueles/aquelas que lê, assumindo activamente esses legados, prolongando-os sem se preocupar muito em os «perceber» ou interpretar. Ler/escrever é continuar outros, arriscando, nessa geografia da leitura e da escrita (...). (notícias do blogue do Espaço Lhansol)
Para acompanhar as actividades do Espaço Lhansol, Rua Dr. Alfredo Costa, 3 - 1º F/E, Sintra, consultar o blogue: ESPAÇO LHANSOL
ou seguir pelo Facebook: https://www.facebook.com/EspacoLlansol
domingo, 27 de maio de 2012
sábado, 26 de maio de 2012
Clarice Lispector - Figuras da Escrita
«A radical impossibilidade de uma compreensão
sem suturas em relação a qualquer obra libertá-la-á da tirania das
interpretações por parte de quem dela se pretende apropiar.»
«Numa adequação a um projeto enunciado por Clarice, entenda-se mesma a cegueira como um dado indispensável na experiência estética, na aproximação a uma obra que recusa as formas mais estritamente racionalizadoras de compreensão.»
Clarice Lispector - Figuras da Escrita
Carlos Mendes de Sousa
«Numa adequação a um projeto enunciado por Clarice, entenda-se mesma a cegueira como um dado indispensável na experiência estética, na aproximação a uma obra que recusa as formas mais estritamente racionalizadoras de compreensão.»
Clarice Lispector - Figuras da Escrita
Carlos Mendes de Sousa
sexta-feira, 25 de maio de 2012
quinta-feira, 24 de maio de 2012
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