quarta-feira, 6 de outubro de 2010


O "Gauchão de Literatura" (Campeonato Gaúcho de Literatura), inspirado no esquema futebolístico, promove partidas entre livros de escritores gaúchos ou radicados no Rio Grande do Sul. O objectivo é promover o debate sobre a produção local e estimular a leitura e o consumo da literatura do RGS.
O "juiz" convocado tem a responsabilidade de ler os dois livros, elaborar uma resenha crítica e realizar a avaliação final do "jogo", incluindo um "placar".

Uma pequena amostra:

"Atalhos [cenas brasileiras], de Luís Dill e Um guarda-sol na noite, de Luiz Filipe Varella. Atalhos versus Guarda-sol. Os times se alinham à beira do gramado para o hino rio-grandense (Como a aurora precursora do farol da divindade…). Todos alinhados, a diferença entre uniformes causa constrangimentos à tribuna de honra. O minimalismo elegante da equipe Guarda-sol em intenso contraste com o tradicionalismo utilitarista da equipe Atalhos. Vitórias são conquistadas nos noventa minutos, ainda bem, não na apresentação dos times. Embora, o cronista deve confessar, a questão estética não seja descartável: a leitura do jogo teria sido melhor se todos os lances da equipe Atalhos fossem vistos sobre páginas de papel pólen bold, que ajudam muito a leitura noturna à luz de refletores.
(...)
O esquema de jogo da equipe Guarda-sol segue poucas variações formais: contos, microcontos e os inevitáveis, e improfícuos, exercícios de linguagem. São narrativas cheias de personagens mergulhados na própria introspecção, distantes do mundo, às vezes frios. Alguns carregam consigo uma semente que, se bem regada, poderia crescer numa formidável psicopatia à Edgar Allan Poe – este, uma grande influência sobre o técnico Varella.

As 23 narrativas em Um guarda-sol na noite são literárias. É estranho e óbvio este comentário? Bem, dizer isso das 23 narrativas da equipe Guarda-sol não é tão estranho assim, porque, em comparação, o esquema de jogo da equipe Atalhos não segue a mesma uniformidade."



Para saber mais, vá ao link: http://gauchaodeliteratura.wordpress.com/

o objecto livro (com suas capas) nas nossas mãos



























(as fotos dos livros de Camus, Dylan Thomas e James Joyce foram tiradas do blogue de David Mendes)

Umberto Eco responde


The Paris Review entrevista Umberto Eco

“I suspect that there is no serious scholar who doesn’t like to watch television. I’m just the only one who confesses. And then I try to use it as material for my work. But I am not a glutton who swallows everything. I don’t enjoy watching any kind of television. I like the dramatic series and I dislike the trash shows. ”

Leia a entrevista completa em: http://www.theparisreview.org/interviews/5856/the-art-of-fiction-no-197-umberto-eco

sábado, 2 de outubro de 2010

A Palavra degradada

(tirado do Ex-Blog do Cesar Maia, que recebo por e-mail)


"Trechos do artigo de Santiago Kovadloff no La Nacion (24).

A interdependência entre linguagem, moral e política se mostra, desde sempre, como um fato indiscutível. George Steiner pôde constatar "as pressões exercidas pela decadência cultural sobre a linguagem". Desde o início dos anos 60, advertiu que "os imperativos da cultura e da comunicação de massa têm forçado a linguagem a desempenhar papéis cada vez mais grotescos." A obscenidade do grotesco consiste em sua ostentação; na exposição da vulgaridade como um bem.

Líderes políticos incorporam em seu vocabulário a grosseria e a insolência como se não fossem ou, ainda pior, como se fossem dignos de divulgação. Abertamente e com frequência cada vez maior, fazem eco deste fascínio pela grosseria verbal, esforçando-se em apresentá-la como uma garantia de autenticidade e proximidade com seu público. A brutalidade, o ordinário e o grotesco foram pavimentando o caminho para algo ainda pior: o movimento progressivo de todos os tipos de violência verbal.

(...)

Assim não incentiva o debate, mas sim o maniqueísmo. A discordância necessária se transforma, sob o seu peso, em confrontação. E o confronto, em seu caso, em uma prática voltada para o extermínio do adversário. A degradação do idioma, em boa parte dos políticos, reflete a magnitude alcançada pela perda do valor das investiduras. Tão difundida é essa degradação que seria injusto supor que o oficialismo tem o monopólio da degradação da linguagem. Mas é inegável que em suas fileiras esta prática encontra uma maior aceitação.

(...)

Andar pelas ruas, avenidas e vias é, há muito, um risco radical. Freqüentar livremente o caminho das palavras começa a ser também."

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

quando Outubro vier (e já está quase)


Dois novos livros de Gonçalo M. Tavares, editados, respectivamente, pela Caminho e pela Porto Editora: Uma Viagem à Índia e Matteo perdeu o Emprego.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

páginas que iluminam



Light reading lamp
Candeeiros feitos de páginas de livros
by Lula Dot








Do site de Lula Dot:
"More books are printed every year, read and discarded. Even though many are taken to charity shops, they mostly go unsold and the charities have to pay for the books to be sent to landfill. For example 10,000 books a week from one charity will go to waste. There is currently no infrastructure set up to recycle the paper from books because the paper is low grade and the glue on the spine must be removed. These wasted books are used to create an attractive chandelier."

domingo, 19 de setembro de 2010

João Gilberto Noll falando sobre literatura

"A viagem é muito individual, não é? [silêncio] Eu acho que tem que doer um pouco, a escrita. Se não doer um pouco tem alguma coisa errada aí. A não ser que o cara seja um escritor de questões históricas... Seja muito distante da psicologia pessoal, está mais preocupado com o mundo objetivo etc. Se não, acho que tem que doer um pouco. Na literatura, tem que ir um pouco além daquilo que você vive, daquilo que se é obrigado a viver no meio social... Esconde-se muita coisa diante dos outros. E na literatura tem que se desvelar, revelar isso... É isso que dói. Eu quando escrevo fico pensando: “Essas coisas não se dizem! Não devem ser ditas”. Não, vamos dizê-las, sim. Vamos dizê-las, sim."

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

As armadilhas da língua

Tautologia é o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como podemos ver na lista a seguir:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito

Observemos que todas essas repetições são dispensáveis.
Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

fontes de consulta

Só agora percebi que neste blogue, que pretende interagir com os colegas de atividade, faltava um item importante: dicas sobre fontes de consulta. Como não pensei nisso antes?!
Acrescento hoje na coluna à direita os sites que mais consulto nos meus trabalhos, e que espero sejam úteis a todos.

A CIDADE DO HOMEM - apresentação


















Ontem ganhei um exemplar do meu mais recente - e difícil, e desafiador - trabalho de revisão: A Cidade do Homem, de Amadeu Lopes Sabino. Um livro entre Portugal e Brasil durante a segunda metade do século XVIII. Um pedaço da História em meio às ideias de liberdade daqueles tempos, que culminaram com a Revolução Francesa na Europa, e no Brasil alimentaram os bastidores da chamada "inconfidência mineira".




Da contra-capa:

Romance, ficção documentada, relato das errâncias de um narrador europeu do século XXI através do universo mental do iluminismo, A Cidade do Homem é a biografia imaginada de António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799), magistrado e poeta árcade que viveu, trabalhou e poetou em Portugal e no Brasil. Participante ativo nas polémicas que, durante o consulado de Pombal, agitaram o Reino e a Europa, foi juiz militar em Elvas e autor de O Hissope, sátira à querela protocolar entre o bispo e o deão da Sé da cidade alentejana. Presente desde o início no imaginário do protagonista, o Brasil torna-se o cenário da narrativa com a transferência de Cruz e Silva para a Relação do Rio de Janeiro em 1776. A partir desse ano, servidor da Justiça e de Apolo, julgou e poetou nas capitanias do Sul, sobretudo em comarcas do Rio e de Minas, privando com os juristas e árcades locais. Em 1792, seria membro do tribunal que julgou e condenou na capital do Brasil os inconfidentes mineiros, entre eles os seus companheiros mais próximos nas lides judiciais e na poesia. Numa digressão através da História e das ideias em busca da polis racional, A Cidade do Homem centra-se na condenação dos conspiradores à morte ou ao degredo, evocando uma época que, na Europa, em Portugal e no Brasil nas vésperas da independência, prenunciou os antagonismos e as hecatombes do nosso tempo.

A Cidade do Homem
Amadeu Lopes Sabino
568 pp
Sextante Editora
Lisboa, Setembro de 2010

O livro foi apresentado em Elvas, cidade de nascimento de Amadeu Sabino, e em Lisboa a 21 de Outubro, na Livraria Bulhosa.
Esta obra será em breve publicada também no Brasil.

Agora também editado no Brasil, pela editora Record:

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