sexta-feira, 6 de agosto de 2010

129.864.880 de livros


O mundo tem hoje cerca de 129 milhões de livros. Quem se deu ao trabalho de fazer essa conta foi o Google, tendo como base seu ambicioso projeto de digitalização de livros, o Google Books. O número impressiona quando se pensa na Biblioteca de Alexandria, a maior da antiguidade. Segundo a previsão mais otimista, feita pelo físico Carl Sagan na série Cosmos, ela teria perto de um milhão de pergaminhos, possivelmente muitos deles duplicados.

O engenheiro de software Leonid Taycher explicou no blog do Google Books o complexo processo utilizado pela empresa para fazer o cálculo. O Google coleta informações de várias fontes como bibliotecas, livrarias e outros catálogos. Com um arquivo bruto que já ultrapassa um bilhão de registros, a empresa então analisa esses dados para diminuir a quantidade de duplicações em cada uma das fontes, baixando o número a 600 milhões.

A partir daí é preciso um ajuste fino para diminuir as duplicações que permanecem entre as diferentes fontes. Como exemplo, Taycher conta que existem 96 registros diferentes em 46 fontes do livro "Programando em Perl, 3ª edição". Duas vezes por semana a equipe unifica todos esses registros em volumes separados, levando em conta todos os atributos de cada um deles, como nome do livro, autor, editora, ISBN, ano de publicação, etc.

Após todo esse trabalho o algoritmo do Google entregou cerca de 210 milhões de volumes, mas esse número muda sempre que a conta é refeita, por causa dos novos dados que chegam e das mudanças para aperfeiçoar o algoritmo.

O número final foi alcançado após a exclusão de microfilmes, gravações de áudio, mapas e outras obras que não deveriam ser classificadas como livros: 129.864.880.

Em um de seus projetos mais polêmicos, o Google quer digitalizar todos os livros do mundo, o que tem lhe valido uma grande briga com editoras e autores. O Google Books já foi criticado até mesmo pelo Departamento de Justiça dos EUA, que acusa a empresa de não dar a devida proteção ao direitos dos autores das obras.

Fonte: O GLOBO de 06/8/2010: http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2010/08/06/google-diz-que-mundo-tem-129-864-880-de-livros-917330576.asp

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

antiga Livraria José Olympio Editora

Rua do Ouvidor, 110

Imagem a propósito do lançamento do livro Rua do Ouvidor 110 - Uma História da Livraria José Olympio, na Livraria da Travessa, Rio.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Voyage to Brazil

Não sei se isto acontece sempre que estamos a viver em outro lugar que não o nosso, original. Mas o facto é que, de longe, o meu olhar em direção à minha cidade vem se demorando cada vez mais, interessado na sua história, à espera do que a sua paisagem, modificada ao longo dos séculos, ainda é capaz de contar; dos segredos das suas ruas que já tiveram tantos nomes; do casario que ainda consegue estar de pé em meio à indiferença de muitos - mas não de todos.
Estar longe de casa certamente tem a ver com esse desejo de estabelecer pontes onde, antes, pouco ou nada eu via.
Talvez por tais caminhos é que tenha vindo ao meu encontro, pelas mãos de uma amiga, este Journal of a Voyage to Brazil, escrito por Maria Graham.

"Rio de Janeiro, sábado, 15 de dezembro de 1821. - Nada do que vi até agora é comparável, em beleza, à baía. Nápoles, o Firth of Forth, o porto de Bombaim e Trincomalee, cada um dos quais julgava perfeito em seu gênero de beleza, todos lhe devem render preito, porque esta baía excede cada uma das outras em seus vários aspectos. Altas montanhas, rochedos como colunas superpostas, florestas luxuriantes, ilhas de flores brilhantes, margens de verdura, tudo misturado com construções brancas, cada pequena eminência coroada com sua igreja ou fortaleza, navios ancorados, ou em movimento, (...) em um tão delicioso clima, tudo isso se reúne para tornar o Rio de Janeiro a cena mais encantadora que a imaginação pode conceber. 19 de dezembro. - Passeei a cavalo, ao lado de Langford, por um dos pequenos vales ao pé do Corcovado. É chamado Laranjeiros [Laranjeiras], por causa das numerosas árvores de laranjas que crescem dos dois lados do pequeno rio que o embeleza e fertiliza. Logo à entrada do vale, uma pequena planície verde espraia-se para ambos os lados, através da qual corre o riacho sobre seu leito de pedras, oferecendo um lugar tentador para grupos de lavadeiras (...)."

Maria Graham (Inglaterra, 1785-1842) é responsável por um dos mais fidedignos e atentos depoimentos sobre o Brasil da década de 20 do século XIX. No Rio de Janeiro, testemunha os acontecimentos do chamado Dia do Fico e visita os arredores da cidade, desenhando e fazendo inúmeras anotações. Conquista então a amizade da Imperatriz D. Leopoldina, que a escolhe como preceptora da princesa D. Maria da Glória. Ficou no Brasil até 1826, quando volta definitivamente à Inglaterra.


Diário de Uma Viagem ao Brasil
Maria Graham
424 pp
Coleção Reconquista do Brasil, volume 157
Editora Itatiaia Ltda
Belo Horizonte, 1990


quarta-feira, 21 de julho de 2010

os livros, os autores e os editores

Tirado do blogue da Companhia das Letras. Escrito por André Conti, editor da Companhia das Letras.

“O sr. pode confimar se essa frase em francês está certa?” (Foto de Henry James por William M. Vander Weyde)

"Quando comecei a trabalhar com os livros da Penguin, a primeira reação foi de alívio: por se tratar de um selo dedicado a clássicos em domínio público, meu autor mais jovem teria morrido, pelo menos, em 1939.

Não entendam errado, gosto de trabalhar com autores vivos. Em sua imensa maioria, eles querem o mesmo que o editor: o livro bem-feito, a capa bonita, o lançamento no prazo. E alguns acabam até por se tornar bons amigos.

Mas a edição de um livro é também um momento difícil na vida de qualquer autor — uma espécie de limbo entre a entrega dos originais e o momento da publicação —, muito propício a crises de ansiedade, insegurança e, aqui e ali, de loucura generalizada.

E o autor vivo também acarreta ansiedade no editor: aquele livro prometido em 2007, no qual você depositou todas as suas expectativas, e que simplesmente não aparece na caixa de entrada. Ou a capa que você gostou, mas que acaba recusada sabe-se lá por quê. E mesmo alguns autores estrangeiros já colaboraram para o meu envelhecimento precoce.

De modo que a oportunidade de trabalhar com os mortos e, em especial, com os mortos há muitos séculos — sem herdeiros, espólio, agentes — pareceu uma barbada. O trabalho em si era o mesmo: achar tradutores bons, cuidar do texto, escolher capa, resolver as dezenas de problemas que cada livro apresenta. A diferença é que as decisões caberiam agora ao Matinas Suzuki (coordenador da empreitada Penguin) e a mim, e não a um autor temperamental, pronto para reescrever o capítulo doze no último minuto.

Ótimo, então. Vamos fechar os livros.

A saudade dos meus autores vivos bateu imediatamente. Porque com os vivos, mesmo os neuróticos, podemos tirar dúvidas. Confirmar trechos mais cabeludos. Fazer sugestões. No caso dos clássicos, para se tirar uma dúvida é preciso recorrer à fortuna crítica da obra. E os acadêmicos, como se sabe, raramente concordam entre si. Mais: alguns desses livros têm séculos de idade, e o próprio idioma original já se transformou. Uma palavra que tinha um determinado sentido na época em que o livro saiu, hoje pode ter se transformado completamente. Quem responde por isso?

O crédito vai ao esforço monumental dos tradutores, que não raro se embrenham em biografias e estudos críticos sobre os autores que estão traduzindo. Pois é preciso também conhecer o contexto em que a obra foi escrita. Assim, uma frase que pode soar estranha aos ouvidos modernos tem uma justificativa histórica para ficar daquela maneira. O fato é que, ao contrário dos autores vivos, não podemos simplesmente telefonar para o Henry James e confirmar se aquela frase em francês está mesmo correta (estava).

Em outros livros, você descobre que justamente o trecho que empacou tudo, e para o qual você buscava uma resposta desde janeiro, vem sendo discutido há décadas, sem nenhuma espécie de consenso ou definição. Nesses casos, há algumas opções: recorrer a edições críticas da obra, levantar a dubiedade do trecho em uma nota de rodapé ou, a minha preferida, chorar copiosamente.

Acho que não existe autor perfeito, e nem editor. Um livro é um bicho com dezenas de cabeças, um problema resolvido leva ao surgimento de outros doze, e é preciso um pouco de paciência até que tudo se acerte. Em se tratando de autores vivos, às vezes é fácil, às vezes dá briga, mas podemos sugerir coisas, dirimir dúvidas, tomar uma cerveja em comemoração ao lançamento. Com os mortos, não há reclamação do autor. Todavia, há séculos de leituras sobre a obra, dezenas de especialistas que entendem mais do que você do assunto, enfim, o chamado escrutínio da rapaziada.

No fim, o mais importante é que nada disso — as discussões, os problemas, as dúvidas — transpareça no livro. Dentro da obra, é fundamental que o editor seja invisível. Fora, você pode ver um punhado deles por aí, chorando pelos cantos, abraçados na gramática do Bechara e falando em gerúndios."

quarta-feira, 14 de julho de 2010

pechisbeque

Aqui em Portugal há uma infinidade de palavras que as pessoas utilizam normalmente e que não dizemos no Brasil. Pechisbeque, por exemplo. Jamais daria pelo seu significado se não me tivessem explicado, mas sempre tive curiosidade sobre a sua etimologia.
Hoje encontrei de novo a palavra, e resolvi enfim ir ao dicionário para descobrir a sua origem:

1. liga de cobre e zinco que imita o ouro; ouro falso
2. objecto de pouco valor
3. brilho inautêntico, mistificação, deslumbramento gratuito
Etim. Christopher Pinchbeck (1732, relojoeiro inglês)
Outras formas: pichisbeque, pinchebeque, pixisbeque - e hoje: pechisbeque.


No Brasil dizemos "bijuteria", do francês bijouterie:
1- ramo da ourivesaria que trabalha com metais que imitam o ouro e a prata no fabrico de peças de fantasia
2- Bijouterie = joalheria
3- Bijoutier = joalheiro

terça-feira, 13 de julho de 2010

antes do nome


















Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",
o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrenquentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.


Bagagem
Adélia Prado
2ª edição
Editora Nova Fronteira
Rio de Janeiro, 1979
p. 25

segunda-feira, 12 de julho de 2010

enfim, Daphne


Revi as primeiras provas ainda em Março, antes de uma longa sequência de providências que fazem parte da produção de um livro até à sua publicação. O livro foi publicado em Maio, mas somente agora tenho nas mãos o meu exemplar de Daphne, um dos trabalhos que mais gostei de fazer nos últimos tempos, pela história muito bem conduzida e pela excelente tradução.

Sinopse: "Estamos em 1957. A escritora Daphne du Maurier, no auge da carreira e da fama, desespera face ao colapso do seu casamento. Vagueando sem descanso Menabilly, a sua adorada casa junto ao mar, na Cornualha, é assombrada pelo remorso e pelas personagens dos seus livros, nomeadamente Rebecca, a heroína do mais famoso dos seus romances. Ao procurar alguma coisa que a distraia dos seus problemas, Daphne interessa-se apaixonadamente por Branwell, o infeliz irmão das irmãs Bronte, e inicia uma troca de correspondência com o enigmático Alex Symington, procurando elementos para uma biografia de Branwell. Mas, por detrás da respeitável figura de Symington está um carácter escorregadio com muito para esconder, e depressas a verdade e a ficção se tornam impossíveis de distinguir.

Daphne é uma história de obsessão e posse; de manuscritos roubados e assinaturas forjadas; de amor perdido e amor encontrado."

Daphne
Justine Picardie
Tradução de Mário Dias Correia e Maria da Graça Bertal
Publicações Dom Quixote
Maio de 2010
Lisboa
340 pp

domingo, 11 de julho de 2010

Quanto Setembro vier: autores lusófonos em e-books

Li no blogue Estante de Livros que já se anuncia para Setembro o acesso a livros de autores lusófonos através dos ebooks. Trata-se de autores publicados por editoras do Grupo Leya, como António Lobo Antunes, José Saramago, Francisco Camacho, Maria Dulce Cardoso e muitos outros. Para saber mais, vá a LeYa com plataforma de e-​books em Setembro

sábado, 10 de julho de 2010

filosofando...


"Só sei que nada sei." Sócrates (469-399 a.C.)




desabafo entre vírgulas e pronomes

(...) "operários, camponeses e intelectuais de mãos dadas, avante, esta vírgula aqui, ponho ou não ponho, sei lá, que porra, a merda da vírgula, isto das vírgulas, e sei lá se é cujo ou se é que, isto dos pronomes, relativos ou sei lá o quê, ando à volta com as vírgulas e os pronomes, merda, essa coisa de escrever, já me gozaram, foi por causa de uma merda de uma vírgula ou de um pronome, vão gozar com a puta que os pariu, reaccionários, a vírgula e o pronome, hei-de lixá-los." (...)

tirado do livro Tempo Adiado, de Paula de Sousa Lima
Edições ASA
Setembro de 2009
p. 51

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