domingo, 11 de julho de 2010

Quanto Setembro vier: autores lusófonos em e-books

Li no blogue Estante de Livros que já se anuncia para Setembro o acesso a livros de autores lusófonos através dos ebooks. Trata-se de autores publicados por editoras do Grupo Leya, como António Lobo Antunes, José Saramago, Francisco Camacho, Maria Dulce Cardoso e muitos outros. Para saber mais, vá a LeYa com plataforma de e-​books em Setembro

sábado, 10 de julho de 2010

filosofando...


"Só sei que nada sei." Sócrates (469-399 a.C.)




desabafo entre vírgulas e pronomes

(...) "operários, camponeses e intelectuais de mãos dadas, avante, esta vírgula aqui, ponho ou não ponho, sei lá, que porra, a merda da vírgula, isto das vírgulas, e sei lá se é cujo ou se é que, isto dos pronomes, relativos ou sei lá o quê, ando à volta com as vírgulas e os pronomes, merda, essa coisa de escrever, já me gozaram, foi por causa de uma merda de uma vírgula ou de um pronome, vão gozar com a puta que os pariu, reaccionários, a vírgula e o pronome, hei-de lixá-los." (...)

tirado do livro Tempo Adiado, de Paula de Sousa Lima
Edições ASA
Setembro de 2009
p. 51

trabalhar com o autor

Esta semana entreguei um trabalho que posso referir como o mais difícil que já fiz. A primeira dificuldade foi trabalhar diretamente com o autor, e nós sabemos - autores, editores e revisores - que esta não costuma ser uma relação fácil. O autor tem razões que o revisor "desconhece" - e vice-versa.
Por todos os motivos a intermediação do editor é muito importante, e é o que acontece na grande maioria das vezes; mas acontece, também, de termos de lidar com situações em que este moderador não está presente.
O autor tem uma muito compreensível e forte ligação com aquilo que produziu: o seu livro. O revisor tem um compromisso profissional e um desejo de perfeição e adequação. Mas a questão é que, pelo meio, surgem as incertezas, as imperfeições, as limitações de cada um. Não é simples...

Acrescente-se ainda o nível de exigência do texto. Num texto erudito, com inúmeras referências e citações, e cujo contexto nos remete para outros séculos, há que ter uma atenção redobrada ou mais que isso: exige leituras e releituras; exige pesquisa atenta.

Foi, enfim, um desafio desses raros que acontecem, mas foi também um prazer de ler. E motivo de muito aprendizado. Fui obrigada mais uma vez a recordar que, como em todas as atividades humanas, também em revisão de texto não há certezas: as normas mudam, conforme o tempo e o lugar, e porque a língua é mutável. Quase nada é definitivo, ou automático; e tudo pode e deve ser repensado, averiguado, confirmado.
E, sobre tudo isso, há, ainda e sempre, a vontade soberana do autor; a sua 'licença poética', que é só dele e de mais ninguém.

terça-feira, 6 de julho de 2010

(a nova) Biblioteca de Alexandria




Inaugurada em 2002, próximo ao local da antiga biblioteca de Alexandria, uma das maiores bibliotecas do mundo antigo e fundada, segundo consta, no início do
século III a. C.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Jerusalém, de Gonçalo Tavares

Não entrei logo no livro. Foram necessárias as primeiras vinte páginas para eu não conseguir mais largar Jerusalém; a partir daí me deixei levar até à última linha quase sem pausas.



(...) "trabalhava parte do dia numa clínica do Estado e à tarde dirigia-se à biblioteca central para recolher documentação para o seu estudo que visava entender o horror e a História, e com isso os homens. Ele queria captar o conceito de saúde de uma forma mais vasta: a saúde mental da humanidade, do conjunto dos homens, a saúde mental da cidade enquanto agrupamento organizado e eficaz na restrição da violência. Conhecer a saúde mental da História, era esse o objectivo final do seu projecto de investigação."
(...)
"Se percebesse como a História pensava, se a encarasse como um organismo com cérebro, e se chegasse por via da documentação e da investigação a gráficos e fórmulas que explicassem os acontecimentos dos séculos, Theodor chegaria ao que milhares de homens - pequenos e grandes, violentos ou pacíficos - haviam tentado: dominar a História."

Jerusalém
Gonçalo M. Tavares
7ª edição
Editorial Caminho
Março de 2008
256 pp



Prémio José Saramago
Prémio LER/Millenium-BCP
Prémio Portugal Telecom de Literatura 2007

sexta-feira, 18 de junho de 2010

o pão e o livro

1922-2010

"O pão não precisa de marketing porque todos nós precisamos de comer pão. No dia em que o livro também não precisasse de marketing, esse seria o dia em que o livro estaria tornado tão necessário como o pão."

José Saramago

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Prémio Príncipe das Astúrias das Letras 2010

O escritor libanês Amin Maalouf recebeu hoje o Prêmio Príncipe das Astúrias das Letras 2010.
Nasceu em Beirute, em 1949. Sua literatura mistura história e ficção e atua como uma ponte entre Oriente e Ocidente.

"Desde que deixei o Líbano, em 1976, para me instalar em França, perguntam-me inúmeras vezes, com as melhores intenções do mundo, se me sinto 'mais francês' ou 'mais libanês'. Respondo invariavelmente: 'Um e outro!' Não por um qualquer desejo de equilíbrio ou equidade, mas porque, se respondesse de outro modo, estaria a mentir. Aquilo que faz com que eu seja eu e não outrem é o facto de me encontrar na ombreira de dois países, de duas ou três línguas, de várias tradições culturais. É precisamente isso que define a minha identidade.
(...) Esta interrogação insistente fez-me sorrir durante muito tempo. Hoje já não sorrio. Porque ela me parece reveladora de uma visão do mundo muito espalhada e, a meu ver, perigosa. (...) quando se incita os nossos contemporâneos a 'afirmarem a sua identidade', como tão frequentemente se faz hoje em dia, o que se lhes diz desse modo é que devem reencontrar no seu íntimo esta pretendida pertença fundamental, muitas vezes religiosa ou nacional, racial ou étnica, e brandi-la orgulhosamente na cara dos outros. Quem reivindique uma identidade mais complexa descobre-se marginalizado."

Retirado do livro As Identidades Assassinas
Publicado por Difel
Tradução de Susana Serras Pereira
Lisboa, 2002
2ª edição
176 pp

estrangeirismos

Texto tirado de "Observatório da Imprensa" e escrito por Deonísio da Silva em 8/6/2010 (http://www.observatoriodaimprensa.com.br)


"Em inglês, técnico de futebol é coach e a palavra está presente em expressões como he is a slow coach – equivalente, no português, a "ele é devagar", "demora a compreender", "é tapadão". Mas por que coach, que significou originalmente apenas coche, carruagem, e ainda significa, veio a designar o técnico de futebol?

No húngaro, onde a palavra surgiu, era kocsi szekér, carro de Kócs, cidadezinha no Norte da Hungria, onde esses veículos foram fabricados pela primeira vez. Quando o filho de Matthias Corvinus (século 15), o mais popular dos reis húngaros, apelidado o Justo, casou-se com uma duquesa de Milão, a palavra espalhou-se por toda a Europa.

No alemão, foi escrito originalmente Kotsche, coche, carruagem, diligência (no alemão atual é Kutsche e deve ser escrito sempre com a inicial maiúscula por se tratar de substantivo). Dali foi para o holandês ets, para o polonês kocz etc. Espanhóis e portugueses escrevem coche, embora os primeiros pronunciem com um "t" intermediário: "cotche".

O veículo deu nome ao ofício

Foi mais ou menos o que ocorreu com a carruagem feita em Berlim, que os franceses escreveram berline, cujas vidraças laterais permitiam ver quais as pessoas que eram ali conduzidas, ensejando os comentários. Hoje, "estar na berlinda" é ser objeto de comentários.

Como sabem os que têm paixão pela viagem das palavras, seu berço oferece indícios de significados sempiternos, ou então efêmeros, passageiros, às vezes vindo a significar exatamente o contrário do que significaram na origem.

Na cultura inglesa, o treinador vinha para o campo de coach e o veículo que o transportava deu nome a seu ofício. No Brasil, entretanto, apesar de o futebol ter sido trazido pelo inglês Charles Miller, pouco a pouco as denominações foram adaptadas ou substituídas por genéricos do português.

O mais fácil na pronúncia

O goal keeper tornou-se goleiro apenas. Goal, meta, objetivo, tornou-se gol. Back virou beque e depois lateral, tomando o nome da área do campo onde atuava: lateral esquerdo, lateral direito, e mais recentemente os laterais passaram a ser designados alas. Nas primeiras transmissões dos jogos de futebol por rádio ainda eram ouvidos quíper, já aportuguesado, mas também "fau", adaptação do inglês foul, falta.

O jogador de número 5, hoje designado volante, mas não exclusivamente, pois a mania da retranca faz com que os técnicos recuem também o meia-direita, número 8, ou o meia-esquerda, camisa 10, jogando com dois volantes, e o centroavante, camisa 9, teve na origem designações do inglês: center half e center forward. Mas por que volante para o número 5? Há uma lenda a conferir. Entre 1938 e 1943 teria jogado no Flamengo um argentino chamado Carlos Martin Volante. Ele exercia tão bem a função de marcar na intermediária que deu nome à posição.

O inglês football tornou-se futebol no Brasil, dito "futibol" na maioria das regiões, e futebol em outras. Ball tornou-se bola apenas. Juiz e árbitro ainda disputam a denominação, mas chamar "árbitro ladrão" é mais difícil do que "juiz ladrão". A palavra juiz é mais comum, árbitro é mais rara e além do mais é proparoxítona e na língua portuguesa predominam as paraxítonas. Cavalo é mais fácil de dizer. Imagine xingar um zagueiro de "cávalo". É como se, no calor dos trópicos, a indolência, a preguiça ou o simples cansaço fizessem com que buscássemos o mais fácil também na pronúncia."

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